Transporte Moderno – Qual é a sua percepção do mercado de empilhadeiras no país?
Rafael Gomes – Segundo um estudo de 2024 da World Industrial Truck Statistics, associação internacional que acompanha o segmento no Brasil e no mundo, estima-se que cerca de 35 mil máquinas foram produzidas ao longo da série histórica no Brasil. Tivemos um boom de máquinas durante a pandemia, e a intralogística ganhou muita força.
Uma percepção da Vamos é que esse estudo não consegue capturar quantas máquinas chinesas foram efetivamente colocadas no mercado local, mas sabemos que, em 2024, houve a entrada de várias novas marcas. Estimamos que, no ano passado, aproximadamente 10 mil empilhadeiras chinesas foram importadas. Acredito que, devido à atividade econômica e à conjuntura geoeconômica, esses números em 2025 serão ainda maiores, com mais equipamentos vindos da China.
Hoje, 60% do mercado estão nas mãos de quatro marcas, uma delas chinesa: Hyster, Toyota, Grupo Kion e a Heli, que há apenas dois anos não tinha presença no país e hoje já detém 15% do mercado.
Em 2023, as máquinas elétricas representaram 12% do mercado, e a Vamos respondeu por 42% desse total, sendo pioneira na adoção de frota elétrica. Já o mercado das classes 4 e 5 — de máquinas a combustão — ainda representa mais de 45% do total, atendendo principalmente depósitos de construção e empresas de médio porte. Nossa participação nesse segmento é de 45%. Em termos de produção e importação, adquirimos 5% do total de 33 mil equipamentos produzidos ou importados em 2023. Estimamos que, em 2024, essa participação suba para 7%.
Transporte Moderno – E qual é a posição da Vamos nesse segmento?
Rafael Gomes – A Vamos adota nas empilhadeiras o mesmo modelo de negócios usado em veículos comerciais: aquisição, locação e revenda. Somos líderes no mercado de intralogística, com 7 mil ativos, dos quais 60% são elétricos — mais do que o dobro do segundo colocado.
Diferentemente do mercado de caminhões, que ainda está amadurecendo a ideia da locação e compreendendo seus benefícios, cerca de 50% do mercado de empilhadeiras já é composto por locação. É um mercado mais maduro, porque é a indústria quem compra, e ela faz isso com critério, de forma qualificada e racional.
Dos nossos 54 mil ativos, 13% são empilhadeiras, que já representam 10% da receita total da Vamos. É um segmento muito resiliente do ponto de vista da inadimplência — praticamente inexistente. Esse resultado vem crescendo exponencialmente nos últimos três anos e devemos encerrar este ano com 13% da receita originada no segmento de intralogística, com base no que já está contratado.
Acabamos de vencer um BID da Minerva, com a entrega de 250 máquinas. Eles farão a transição de equipamentos GLP para elétricos.
Estamos presentes nas principais indústrias do país. No segmento de médios e pequenos, também atuamos, muitas vezes combinando a locação de empilhadeiras com a de caminhões. Todo cliente que aluga caminhões com a gente acaba alugando também empilhadeiras.
Temos uma oferta muito variada, com equipamentos elétricos multimarcas de 1 tonelada a 20 toneladas. E sempre que fornecemos um equipamento elétrico, conseguimos entregar também ganhos em eficiência energética.
Nossos contratos são longos — de 60 a 84 meses —, com boa rentabilidade. A diferença em relação aos contratos de caminhões é que, neste caso, estamos dentro da indústria, que tem previsibilidade. Isso nos permite oferecer combinações customizadas entre o melhor equipamento e a melhor aplicação, com o diferencial principal sendo a disponibilidade.
Transporte Moderno – Qual é a presença das empilhadeiras elétricas?
Rafael Gomes – As máquinas elétricas vêm evoluindo rapidamente. Mas, em operações externas, com alta trepidação, os modelos a combustão ainda são mais adequados pela robustez. No entanto, para a intralogística, especialmente em ambientes fechados, as empilhadeiras elétricas são imbatíveis — principalmente os modelos de nova geração, com baterias de lítio, que operam com carga de oportunidade. Com apenas 15 minutos de recarga, elas já podem voltar à operação plena.
Diferentemente dos carros elétricos, que demandam infraestrutura complexa de recarga, as empilhadeiras elétricas são ideais para plantas industriais e centros de distribuição.
Esperamos um avanço natural. Devemos atingir 60% de frota eletrificada nos próximos anos. É um caminho inevitável, pois a economia gerada na descarbonização da operação dos clientes chega a 30% — essa é a diferença entre ter uma frota GLP e uma elétrica.
Transporte Moderno – Por que a locação é interessante do ponto de vista custo x benefício?
Rafael Gomes – O modelo de locação oferece vantagens operacionais e financeiras significativas, podendo representar até 30% de economia nos custos operacionais. Além disso, permite a renovação contínua da frota sem a necessidade de imobilizar capital em ativos. Outro diferencial é a flexibilidade: a empresa pode ajustar a frota conforme a demanda, sem se preocupar com a ociosidade dos ativos.
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