Balança comercial das autopeças fecha com déficit de US$ 4,89 bilhões no 1º quadrimestre

O aumento de 19,2% é decorrente da movimentação maior das importações, que avançaram 14,1%, totalizando US$ 7,54 bilhões, enquanto as exportações cresceram 5,7%, atingindo US$ 2,64 bilhões

Sonia Moraes

A indústria de autopeças finalizou o primeiro quadrimestre de 2025 com déficit de US$ 4,89 bilhões na balança comercial, que foi 19,2% superior ao saldo negativo de US$ 4,10 bilhões registrados em igual período do ano passado, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

O saldo comercial negativo deve-se à grande movimentação das importações, que atingiram US$ 7,54 bilhões de janeiro a abril deste ano, crescimento de 14,1% quando comparado com os US$ 6,60 bilhões do primeiro quadrimestre de 2024.

As exportações apresentaram desempenho positivo nos quatro primeiros meses do ano, totalizando US$ 2,64 bilhões. Mas, assim como o valor, o crescimento de 5,7% em relação aos US$ 2,50 bilhões registrados no mesmo período de 2024 foi inferior ao avanço das importações.

Em abril, as empresas registram déficit de US$ 1,24 bilhão na balança comercial, resultado 6,1% superior ao saldo negativo de US$ 1,17 bilhão registrado no mesmo mês de 2024. As exportações atingiram US$ 674,5 milhões, reduzindo 14,9% em relação a março deste ano (US$ 792,71 milhões) e 0,9% sobre abril de 2024 (US$ 680,88 milhões), sinalizando, segundo o Sindipeças, perda de dinamismo.

As importações mantiveram o bom desempenho em abril, totalizando US$ 1,91 bilhão, o que representou crescimento de 0,9% em relação a março deste ano (US$ 1,89 bilhão) e de 3,5% em relação a abril do ano passado (US$ 1,85 bilhão). “Tal cenário evidencia a dependência estrutural do setor em relação a componentes e peças estrangeiras, intensificada nos primeiros meses de 2025”, destaca o Sindipeças.

Apesar das quedas recentes, a expectativa do Sindipeças é de relativa recuperação das exportações em 2025, impulsionadas pela retomada da atividade econômica nos principais parceiros comerciais, pelo afrouxamento monetário nas economias desenvolvidas e pela melhora nas condições financeiras globais. “O principal destaque é a Argentina, que apresentou crescimento de 22,6% no acumulado do ano e participação de 38,5% nas exportações totais, resultado favorecido pela continuidade da recuperação econômica local e pela eliminação da taxação sobre importações no início do ano.”

O Sindipeças destaca que, ainda que o cenário externo evidencie sinais de melhora, fatores adversos permanecem no horizonte. “O avanço do protecionismo global e a maior inserção da China em mercados tradicionalmente atendidos pelo Brasil tendem a limitar o ritmo de expansão das exportações. Além disso, há risco de efeitos indiretos relevantes decorrentes das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos, especialmente com o possível redirecionamento das exportações mexicanas para mercados onde o Brasil atua.”

Importações

As importações provenientes de 134 mercados mantêm como destaque a China, com US$ 1,43 bilhão de compras realizadas pelas empresas de janeiro a abril de 2025, aumento de 23,7% em relação ao mesmo período do ano passado, e a participação foi de 19%.

Os Estados Unidos continuam em segundo lugar, com U$S 776,22 milhões, incremento de 7,4% e 10,3% de participação, enquanto o Japão subiu um degrau no ranking de vendas de componentes ao Brasil, ocupando o terceiro lugar, com US$ 686,53 milhões, avanço de 21,0% e 9,1% de participação.

A Alemanha desceu para o quarto lugar no ranking, com 8,8% de participação e US$ 661,43 milhões em componentes enviados ao Brasil, aumento de 6,7% sobre o primeiro quadrimestre de 2024.

O México teve 7,1% de participação nas compras feitas pelo Brasil, com US$ 533,29 milhões, salto de 10,2% sobre janeiro a abril do ano passado.

Exportações

As exportações destinadas para 173 países tiveram a Argentina como o principal destino no primeiro quadrimestre de 2025, com o embarque de US$ 1,01 bilhão, aumento de 22,6% em relação à igual período do ano passado e a participação foi de 38,5%.

Os Estados Unidos continuam em segundo lugar no ranking das exportações das autopeças, com 15,8% de participação, e o embarque atingiu US$ 417,8 milhões, 4,8% inferior ao primeiro quadrimestre de 2024.

O México teve 3,9% de representatividade nas exportações, com US$ 209,68 milhões, 32,5% abaixo do primeiro quadrimestre do ano passado e a participação foi de 7,9%. A Alemanha comprou 0,5% das empresas brasileiras e o valor atingiu US$ 145,34 milhões, tendo 5,5% de participação nos embarques. O Chile, que está em quinto lugar nas exportações das empresas, com 2,9% de participação, teve US$ 75,97 milhões de compras adquiridas das fabricantes brasileiras, incremento de 6,7% sobre o primeiro quadrimestre do ano passado.

Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.

Veja também