O setor de distribuição de medicamentos especializados registrou perdas de R$ 283 milhões em 2024 em decorrência do roubo de cargas, segundo dois estudos encomendados pela Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex). A entidade reúne as 15 maiores empresas do segmento no país, responsáveis por cerca de 75% das vendas de medicamentos de alta complexidade destinadas a hospitais, clínicas, operadoras de saúde e instituições ambulatoriais.
Embora representem apenas 2% do total de cargas roubadas no Brasil, os produtos farmacêuticos são altamente visados por criminosos devido ao seu alto valor agregado, dificuldade de rastreamento e facilidade de revenda no mercado informal. O impacto no setor vai além da perda direta de produtos: há aumento nos custos operacionais e logísticos, além da necessidade de adoção de medidas de segurança cada vez mais rigorosas.
Os dados, compilados pela consultoria Deloitte e pela plataforma de gerenciamento de riscos Overhaul, revelam que 52% dos especialistas em risco entrevistados acreditam que as ocorrências tendem a aumentar em 2025. Para mitigar os impactos, todas as distribuidoras associadas à Abradimex ampliaram investimentos em segurança nos últimos dois anos.
As medidas adotadas incluem o uso de veículos blindados, escolta armada, instalação de câmeras embarcadas e blindagem elétrica nos compartimentos de carga. Segundo o presidente executivo da entidade, Paulo Maia, o frete aumentou entre 5% e 10% nas regiões classificadas como de alto risco, e o custo dos seguros chegou a dobrar em algumas operações.
Gastos com segurança
O levantamento também mostra que metade das distribuidoras elevou os gastos com segurança em até 20%, enquanto 33% aumentaram os investimentos entre 20% e 40%. Outras 17% registraram aumentos ainda mais expressivos, entre 40% e 60%. O cenário reflete a crescente preocupação com a segurança da cadeia de suprimento de medicamentos de alto custo, essenciais para o tratamento de doenças complexas.
A maior parte dos roubos se concentra no Sudeste. Os estados do Rio de Janeiro e São Paulo responderam juntos por 77,3% das ocorrências reportadas em 2024, de acordo com os dados da Overhaul. No Rio, foram registrados 40,9% dos casos, enquanto São Paulo somou 36,4%. O restante das ações criminosas se distribuiu entre Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná, com 4,5% das ocorrências em cada estado. As abordagens ocorreram majoritariamente em rodovias e vias urbanas, representando 86% dos casos.
O aumento da criminalidade tem levado as distribuidoras a reavaliar rotas, revisar contratos com operadores logísticos e até reformular a arquitetura de seus centros de distribuição. O objetivo é reduzir a exposição ao risco e proteger o abastecimento de medicamentos considerados estratégicos para o sistema de saúde brasileiro.
Já segue nosso canal oficial no WhatsApp? Clique aqui para receber em primeira mão as principais notícias do transporte de cargas e logística.