América Latina amortece retração global nos lucros do Iveco Group

Brasil, maior mercado da Iveco no continente, tem se beneficiado de investimentos contínuos em modernização da fábrica de Sete Lagoas (MG) e de um portfólio mais diversificado

Aline Feltrin

O Iveco Group reportou nesta quarta-feira (15) receita consolidada de 3,026 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 10,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a receita foi de 3,367 bilhões de euros. O desempenho foi impactado por menores volumes nas divisões de caminhões e powertrain, além de efeitos cambiais negativos. Ainda assim, a América Latina — com destaque para o Brasil — apresentou sinais de resiliência, impulsionada por iniciativas de reestruturação industrial, ganhos de eficiência e foco em segmentos de maior valor agregado, como, caminhões, ônibus e defesa.

Na região, a Iveco registrou um desempenho expressivo no segmento de caminhões, com crescimento de 61% nas vendas em comparação ao primeiro trimestre de 2024. As entregas de veículos leves aumentaram 51%, enquanto as de modelos médios e pesados avançaram 66%, consolidando a América Latina como um dos principais polos de expansão da marca.

No Brasil, a Iveco foi a marca “full liner” (com caminhões de todos os segmentos) que mais ampliou sua participação de mercado entre janeiro e março de 2025. O número de unidades emplacadas cresceu 32% em relação ao mesmo período do ano passado, o que resultou em um ganho de 1,7 ponto percentual no market share da empresa no país.

“O crescimento que conquistamos na América Latina, especialmente no Brasil, é fruto direto das decisões estratégicas que tomamos nos últimos cinco anos. Renovamos nosso portfólio, fortalecemos a rede de atendimento e mantivemos o foco total no cliente. Esse avanço é um indicativo claro de que estamos no caminho certo para consolidar nossa presença na região e posicionar a operação local como uma das mais relevantes globalmente”, afirma Marcio Querichelli, presidente da Iveco para a América Latina.

A receita líquida das atividades industriais somou 2,958 bilhões de euros, ante 3,283 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2024. O lucro operacional ajustado (EBIT ajustado) do grupo foi de 152 milhões de euros, uma retração de 34,7%. Nas atividades industriais, o EBIT ajustado foi de 117 milhões de euros, com margem de 4,0% — uma redução frente aos 6,1% registrados um ano antes.

Apesar da queda nos resultados globais, a América Latina segue como uma região estratégica para a companhia. O Brasil, maior mercado da Iveco no continente, tem se beneficiado de investimentos contínuos em modernização da fábrica de Sete Lagoas (MG) e de um portfólio mais diversificado. Segmentos como o de caminhões, ônibus e veículos para defesa apresentaram melhoria de margens, alinhadas à estratégia do grupo de fortalecer nichos rentáveis em mercados emergentes.

América Latina

A região também foi favorecida pela estabilização econômica gradual em países-chave, mesmo com a descontinuação da contabilidade de hiperinflação na Argentina a partir de janeiro de 2025, após a mudança da moeda funcional de uma subsidiária local do peso argentino para o dólar norte-americano.

“O desempenho na América Latina reforça a importância da região dentro do nosso portfólio global. Continuamos apostando em inovação e adaptação local como pilares para navegar um cenário macroeconômico ainda desafiador”, afirmou em nota Olof Persson, CEO do Iveco Group.

O lucro líquido ajustado do grupo ficou em 84 milhões de euros, contra 153 milhões euros no primeiro trimestre de 2024. As despesas financeiras líquidas aumentaram para 39 milhões de euros, ante 21 milhões de euros no ano anterior, influenciadas pela mudança contábil na Argentina. O fluxo de caixa livre das atividades industriais foi negativo em 794 milhões de euros, ampliando a perda de 436 milhões de euros registrada no mesmo período de 2024, em função da menor produção e maiores estoques.

A liquidez disponível totalizava 4,709 bilhões de euros ao final de março de 2025, incluindo 1,9 bilhão de euros em linhas de crédito comprometidas não utilizadas.

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