Transportadoras do RS acumulam perdas de mais de R$ 1 milhão um ano após tragédia climática

Setor ainda sente os efeitos da calamidade; infraestrutura segue comprometida e recuperação plena deve levar anos, aponta levantamento da CNT

Após os desastres ocasionados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, o Ministério dos Transportes informou em seu boletim que já foram liberados 108 trechos em 11 rodovias que cortam o Rio Grande do Sul. Neste momento, 16 trechos estão em obras ou com serviços para a liberação das pistas e não há segmentos liberados somente para veículos de emergência.

Redação

Um ano após as enchentes que marcaram a maior tragédia climática já registrada no Rio Grande do Sul, os impactos ainda afetam fortemente o setor de transporte. Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que quase 40% das empresas com operações nas áreas atingidas acumulam perdas superiores a R$ 1 milhão.

A 2ª rodada da Pesquisa CNT de Impacto no Transporte – Enchentes no RS, realizada entre 24 de abril e 4 de maio de 2025, ouviu 193 empresas de transporte de cargas e passageiros. O estudo revela que 16,5% ainda não conseguiram retomar a normalidade operacional e 23,3% estimam que os efeitos da calamidade persistirão por mais de dois anos.

“Desde o início da tragédia, a CNT tem atuado para apoiar os transportadores e a sociedade do Rio Grande do Sul e buscar soluções junto ao poder público. O setor de transporte foi essencial para garantir o abastecimento, o resgate de pessoas, a distribuição de doações e a reconstrução emergencial de cidades afetadas. A recuperação plena depende diretamente do restabelecimento da infraestrutura logística”, afirma Vander Costa, presidente do Sistema Transporte.

Prejuízos em larga escala

Entre as empresas consultadas, 38,2% relataram perdas superiores a R$ 1 milhão e 42,7% estimaram prejuízos entre R$ 101 mil e R$ 1 milhão. Apenas 24,1% disseram não ter sofrido perdas diretas, apesar de atuarem nas regiões atingidas.

Os efeitos das enchentes ainda se fazem sentir: 27,1% das empresas relatam impactos significativos em suas operações até hoje. Para contornar as consequências, 55,6% precisaram alterar rotas ou logística de forma temporária e 32,3% recorreram a financiamentos. No entanto, apenas 25,6% conseguiram acessar linhas de crédito especiais e menos da metade (42,1%) das que acionaram o seguro receberam indenizações.

Infraestrutura fragilizada

A pesquisa também revela que apenas 7,5% dos empresários acreditam que a infraestrutura de transporte do estado foi totalmente recuperada. Há bloqueios e interdições parciais em diversas rodovias, pontes danificadas e obras em andamento. O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, segue operando abaixo da capacidade.

Para 16,5% dos entrevistados, a recuperação completa da infraestrutura deve levar mais de cinco anos. Eles apontam que a reconstrução das rotas logísticas é essencial para a retomada econômica do estado.

Todos os modais afetados

As enchentes afetaram todos os modos de transporte: rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo. Foram registradas quedas de pontes, deslizamentos, alagamentos em vias urbanas e portos, além do fechamento prolongado do principal terminal aéreo gaúcho.

Apesar dos danos, nenhuma empresa entrevistada precisou encerrar operações definitivamente. No entanto, o evento climático deixou marcas duradouras: 52,6% das empresas afirmam que aumentou a percepção de risco frente a novas catástrofes climáticas e 32,3% adotaram medidas preventivas, como treinamentos, planos de contingência e investimentos em infraestrutura resiliente.

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