A recente sinalização do governo federal sobre um novo acordo com a China para ampliar a participação do país asiático no setor ferroviário brasileiro gerou forte reação das entidades que representam a indústria ferroviária nacional. Em nota conjunta, a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (ABIFER) e o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE) manifestaram “indignação” com o anúncio da parceria.
O acordo, que deve ser formalizado nesta terça-feira (13), durante encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente chinês Xi Jinping, prevê a instalação de unidades de produção de trens, metrôs, VLTs e monotrilhos em território brasileiro, com capital e tecnologia chineses.
Durante visita à China na segunda-feira (12), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, adiantou que o governo vai assinar um fórum bilateral específico para o setor ferroviário, além de criar mecanismos para facilitar a participação de empresas chinesas em leilões de concessões de infraestrutura no Brasil, como estradas, portos e aeroportos.
A iniciativa faz parte da estratégia brasileira de ampliar parcerias econômicas e atrair investimentos estrangeiros. Segundo a ApexBrasil, empresas chinesas já anunciaram cerca de US$ 27 bilhões em investimentos no país. No entanto, para o setor ferroviário brasileiro, o movimento pode representar um risco.
Indústria nacional
“Embora a cooperação internacional seja essencial em muitos setores, é imprescindível que o Brasil priorize e valorize sua própria indústria ferroviária, que possui um sólido histórico de qualidade, inovação e capacidade produtiva”, diz o comunicado divulgado pela ABIFER e SIMEFRE.
As entidades alertam que o setor nacional não sofre de ausência de capacidade, mas sim de falta de demanda regular e previsível. “Não há vácuo na indústria nacional a ser ocupado. Ao contrário, quem arcou com estes elevadíssimos índices de ociosidade pela inconstância de pedidos fomos nós, a indústria ferroviária”, afirmam.
O setor defende que a política industrial brasileira priorize fornecedores nacionais nos grandes projetos de mobilidade urbana e logística ferroviária, como forma de preservar empregos, fomentar a tecnologia local e garantir o desenvolvimento econômico sustentável. “Valorizar a indústria nacional é investir no presente e no futuro do Brasil. É hora de olhar para o que temos de melhor e construir um caminho sustentável para as nossas ferrovias”, conclui a nota.
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