O mercado de caminhões começa a dar sinais de enfraquecimento com os sucessivos aumentos da Selic, a taxa de referência da economia, fixada em 14,75% ao ano pelo Banco Central, e registra em abril queda de 6,0% na produção, com 11.020 unidades, ante os 11.720 veículos fabricados em março deste ano. Em relação a abril de 2024 (11.656 unidades), a retração foi de 5,5%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No acumulado de janeiro a abril, a produção de caminhões totalizou 42.751 unidades, com aumento de 4,3% na comparação com os 40.983 veículos fabricados no mesmo período de 2024. “A queda na produção em abril é para ajustar os estoques na fábrica e na rede de concessionária”, esclareceu Alexandre Parker, vice-presidente da Anfavea, que responde pelo segmento de pesados. “Ainda que o acumulado do ano o mercado de caminhões tenha registrado crescimento, há sinais de preocupação porque a procura está menor e os estoques começaram a subir.”
Do total de caminhões produzidos no primeiro quadrimestre deste ano, a de modelos pesados caiu 10,6%, atingindo 22.316 unidades. A de semipesados chegou a 12.253 unidades, com alta de 30,4%. De médios, foram 2.048 unidades, aumento de 145,3%, de leves, 5.909 unidades, avanço de 6,4%, e a de semileves caiu 7,4%, com 225 unidades.
Emplacamentos
As vendas apresentaram desempenho negativo em abril, com 9.345 veículos emplacados, 0,3% abaixo de março deste ano (9.372 unidades) e queda de 13,11% sobre abril de 2024, quando foram comercializados 10.758 veículos no país. No acumulado de janeiro a abril deste ano, as vendas atingiram 37.094 unidades, retração de 0,4% sobre o primeiro quadrimestre do ano passado.
O segmento de pesados teve queda de 12,6%, chegando a 17.342 unidades. Os demais modelos, o resultado foi positivo, sendo comercializados 11.182 caminhões semipesados, 3.291 leves, 3.191 médios e 2.088 semileves.
Igor Calvet, presidente da Anfavea, destacou que pela primeira vez neste ano as vendas acumuladas de caminhões estão abaixo de 2024. “É uma queda na margem, mas é um alerta em relação ao que está acontecendo no mercado.”
Calvet ressaltou que a Anfavea vai continuar olhando de perto o mercado de pesados. “Temos evidência de que a safra será recorde neste ano, mas a alta dos juros pode colocar em risco o setor.”
Parker acrescentou que ninguém compra caminhão para passear. “É uma máquina para girar a economia do país e, com valores expressivos, as vendas são financiadas, principalmente por meio do Finame e CDC, mas os juros altos impactam os negócios.”
Mesmo diante do cenário de instabilidade, o presidente da Anfavea afirmou que ainda não é o momento para rever as projeções para o setor. “Vamos esperar o fechamento do segundo trimestre para ter uma visão mais clara de como se comportará este mercado”, disse Calvet.
Ranking
No ranking do setor, a liderança ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, com a venda de 9.101 caminhões no primeiro quadrimestre deste ano, 2,3% abaixo do mesmo período de 2024 (9.318 unidades), e o segundo lugar é ocupado pela Mercedes-Benz, com 8.534 veículos comercializados no país, 13,5% acima dos quatro meses de 2024 (7.526 unidades) e o terceiro pela Volvo, com 6.770 veículos emplacados, 0,6% superior ao acumulado de janeiro a abril do ano passado (6.727 unidades).
A Scania, quarta colocada, vendeu 4.954 caminhões até abril, 18,6% abaixo do primeiro quadrimestre de 2024 (6.085 unidades), e a Iveco comercializou 2.771 veículos de janeiro a abril, 12,9% a mais do que nos quatro meses de 2024 (2.454 unidades). A DAF, que ocupa o sexto lugar, vendeu 2.759 veículos, 8,1% inferior ao primeiro quadrimestre de 2024, cujo volume totalizou 3.001 unidades.
Exportações
Nas exportações, o mês de abril teve 2.141 embarques, queda de 18,3% em relação a março, mas na comparação com abril de 2024 (1.188 unidades) o aumento foi de 80,2%, fechando o primeiro quadrimestre com 8.808 veículos vendidos no mercado internacional, aumento de 79,3% na comparação com o mesmo período de 2024, quando foram exportados 4.510 caminhões.
Foram exportados 4.921 modelos pesados, 1.846 semipesados, 1.003 leves, 227 médios e 91 semileves. Em CKD (veículos desmontados), foram exportados 3.433 caminhões de janeiro a abril deste ano, aumento de 34,95% sobre os 2.544 veículos vendidos no mesmo período de 2024.
O presidente da Anfavea ressaltou que a Argentina foi o destaque nas exportações de todo o setor automotivo, aumentando de 34,8% no primeiro quadrimestre do ano passado para 59,1% no mesmo período de 2025 os embarques das montadoras.
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