Informações do Reefer Shipping Annual Review & Forecast 2024/25, elaborado pela consultoria Drewry, indicam que a América Latina é um dos motores de propulsão do comércio internacional quando o assunto é carga refrigerada. Fornecedora de mercados volumosos como a Ásia e a América do Norte, os produtores latino-americanos atendem à crescente demanda por frutas e outros alimentos sensíveis à variação térmica. A demanda por produtos refrigerados na Ásia continua a dominar o comércio marítimo, com 35% das cargas destinadas à região em 2023. Em comparação, a Europa respondeu por 26% das importações e a América do Norte por 14%. Neste cenário demandante, a América Latina é o principal produtor e exportador, com 31% dos embarques marítimos globais originados na região.
A banana é uma das estrelas nesse segmento e é também uma das responsáveis pelo protagonismo da América Central e América do Sul, graças aos principais produtores, Equador e Colômbia. A exportação de carne do Brasil também reforça o desempenho latino-americano, enquanto uma diversidade de frutas e hortaliças exportadas por Argentina, Chile e Peru contribui para os volumes de frutas de caroço, cítricas, exóticas, berries e melões.
Neste competitivo segmento — o da cadeia de frio —, que registra volume mundial anual de 300 milhões de toneladas, sistemas e equipamentos confiáveis são, além de estratégicos, imprescindíveis. Uma pequena falha no controle da temperatura e/ou o mau funcionamento dos contêineres reefer pode significar a perda total da carga. É neste cenário que a Thermo King se destaca. A empresa americana fabrica sistemas de controle de temperatura para transporte, principalmente em veículos refrigerados como caminhões, trailers e contêineres, que opera no Brasil há mais de 50 anos.
Em visita ao Brasil, o líder de vendas global de produtos marítimos da Thermo King, Alexandre Bernard, disse que a empresa agora investe em tecnologia para aumentar a eficiência dos seus equipamentos em operação. “Estamos investindo muito na aquisição de empresas, novas tecnologias e produtos. Incorporar a inteligência artificial aos nossos produtos é um dos nossos objetivos, além de garantir robustez tecnológica aos nossos equipamentos”, disse o executivo em entrevista exclusiva para o portal Transporte Moderno.
Especificamente no Brasil, a empresa investe em novas tecnologias, como a recém-lançada atmosfera controlada para o transporte de, por exemplo, frutas frescas e outros perecíveis muito sensíveis à temperatura, como abacates, bananas e mangas. “É um mercado muito interessante, especialmente o Brasil, que tem diversos armadores que transportam esse tipo de carga. Para se ter uma ideia, bananas representam cerca de 90% de toda a carga fresca transportada no mundo”, diz o executivo.
Brasil em destaque
Bernard explica que o Brasil tem um papel de destaque na operação da Thermo King, uma vez que o país é um grande produtor e exportador de carne e frutas. “E nossos clientes, as companhias marítimas, têm o mercado brasileiro como referência. E, para corresponder às demandas dessas operações, investimos constantemente no aprimoramento tecnológico.” Uma dessas frentes é a inteligência artificial. “Nossos clientes procuram por eficiência em alto nível em termos operacionais. Mas IA é uma tecnologia que exige muita manutenção e atualização, o que implica manter os contêineres reefer em perfeitas condições — o que é um desafio, considerando onde estão empregados na cadeia global”, avalia o executivo.
A expectativa é que, em um futuro bem próximo, a IA auxilie no monitoramento e manutenção dos equipamentos.
“A ideia é implementar manutenções preditivas para as unidades. Mas trata-se de um processo complexo, de compreender como integrar o equipamento e as habilidades da IA. É complexo porque exige também uma integração mínima com os sistemas operacionais do armador. A companhia marítima transporta uma infinidade de equipamentos, mas precisamos ter a visão de cada contêiner individualizado para prever e evitar qualquer tipo de falha e, também, melhorar e otimizar a forma com que os reefers operam em conjunto — evitando, por exemplo, que comecem a funcionar ao mesmo tempo, o que leva a um pico de demanda e consumo energético. Lembre-se de que a eficiência energética e a descarbonização são nossos grandes drivers”, diz o executivo, acrescentando que o esforço vale a pena: “Estamos muito otimistas. O mercado de alimentos cresce entre 3% e 4% ao ano, sem indícios de declínio, a despeito das incertezas pontuais”, conclui.
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