“Vamos repetir a estratégia do gás para abrir caminho aos elétricos”, diz CEO da Scania Latin America

A previsão é que a produção nacional de caminhões elétricos da marca sueca ocorra em 2027; a aposta é em uma estratégia gradual de desenvolvimento, focada em parcerias, infraestrutura e soluções completas para clientes

Aline Feltrin

A Scania pretende aplicar ao mercado de caminhões elétricos a mesma lógica que orientou sua entrada nos modelos a gás: desenvolvimento gradual, foco em aplicações específicas, parcerias estratégicas e oferta de soluções completas aos clientes. “Vamos repetir a estratégia do gás para abrir caminho aos elétricos. Não dá para esperar que o mercado esteja pronto. Nós temos que liderar esse movimento, trabalhando próximos dos clientes, oferecendo soluções completas e investindo em estrutura”, afirmou Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania Latin America Industrial Operation, em encontro com a imprensa na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

Segundo o CEO, a produção nacional dos caminhões elétricos da Scania começará em novembro de 2027, com um ritmo inicial de uma unidade por dia. O desenvolvimento do veículo está inserido no ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões anunciado pela montadora para o período de 2024 a 2028, embora a empresa não detalhe quanto desse valor será direcionado especificamente para viabilizar a nova linha.

A fábrica de São Bernardo do Campo já está em processo de adaptação para receber a produção dos modelos elétricos. Segundo o executivo, o ritmo inicial permitirá acompanhar de perto a maturação do mercado e ajustar a oferta conforme a demanda.

Espelhamento com aprendizados anteriores

Para Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, o avanço nos elétricos parte de um aprendizado consolidado com os veículos a gás e também com os ônibus elétricos. “Nosso trabalho começa com o entendimento profundo do cliente: como ele opera, que infraestrutura possui ou precisará desenvolver, e quais parceiros podem ser acionados para viabilizar isso”, diz.

Nucci destaca que, a exemplo do que ocorreu com o gás natural veicular — quando a empresa liderou a criação do “Corredor Azul” —, a Scania poderá ter papel semelhante na mobilidade elétrica. “No futuro, podemos colaborar com a instalação de eletropostos em rotas estratégicas, mas num primeiro momento, a prioridade são operações previsíveis, como fábrica a centro de distribuição ou entre polos logísticos como São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro.”

Segundo ele, a Scania já mantém conversas com distribuidoras de energia e está avaliando, caso a caso, se há capacidade energética suficiente para suportar frotas elétricas. “Tem cliente com rota de 240 km, o que está dentro da autonomia do nosso modelo. Mas ao avaliar a infraestrutura, vemos que a energia disponível atende três ou quatro veículos, e ele quer operar com 20. A discussão passa, então, para quem vai bancar esse upgrade de energia”, explica.

Importação de elétricos

Atualmente, os modelos elétricos da marca estão disponíveis por meio de importação. Na Fenatran 2024, a Scania apresentou o 30 G 4×2, primeiro cavalo mecânico elétrico da marca no Brasil. Com preço estimado de R$ 2,5 milhões, o modelo possui potência de 310 cv, autonomia entre 250 e 300 km e capacidade máxima de tração (CMT) de 66 toneladas, adequado para operações urbanas e regionais.

Desenvolvido na Suécia, o 30 G torna o Brasil o primeiro país fora da Europa a receber o modelo. Antes dele, a empresa havia trazido o P25 6×2 rígido, em operação com a PepsiCo, ainda sem volume expressivo de vendas. “Agora estamos focados nos cavalos mecânicos, por serem mais versáteis e utilizarem motorização central, que já tem escala maior de produção na Europa”, comenta Nucci.

A expectativa é que, ao longo de 2025, outras versões elétricas — rígidas e semipesadas, com tração de 4×2 a 6×4 — também comecem a ser importadas.

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