Apesar da previsão de safra recorde para 2025, com mais de 330 milhões de toneladas de grãos, a Scania estima uma redução nas vendas durante a Agrishow 2025, a principal feira de tecnologia agrícola do país, que ocorrerá entre 28 de abril e 2 de maio em Ribeirão Preto (SP). A expectativa é de uma queda entre 5% e 10% em relação ao desempenho do ano anterior. O principal fator, segundo Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, é o elevado custo do crédito, que tem impactado até mesmo o agronegócio, tradicionalmente mais resistente a oscilações econômicas.
A Taxa Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e serve como referência para os juros cobrados pelos bancos em operações de crédito. Atualmente, a Selic está em 14,25% ao ano, o que eleva significativamente os custos de financiamento. Esse cenário tem dificultado o acesso dos produtores e empresas do setor a financiamentos vantajosos para renovar e ampliar suas frotas, como é o caso dos caminhões. “Mesmo com o agro muito pujante, a taxa de juros ainda elevada inibe investimentos em renovação e ampliação de frota”, afirmou Nucci ao portal Transporte Moderno. No entanto, a Scania vê com otimismo a possibilidade de recuperação, caso o esperado ciclo de queda da Selic se concretize ao longo do ano.
Apesar do cenário mais conservador, a Scania mantém a confiança no setor agropecuário e aposta no lançamento do caminhão GH 460 6×4 a gás com mochilão, durante a Agrishow 2025. O modelo será o primeiro da marca a contar com a configuração 6×4 movida a gás, equipada com o conceito “mochilão” — dois cilindros de gás posicionados atrás da cabine. Esta configuração garante uma autonomia de até 650 quilômetros. Seu motor foi desenvolvido exclusivamente para combustíveis gasosos, utilizando o Ciclo Otto, e apresenta um torque de 234,51 mkgf , ideal para operações que exigem alta potência e durabilidade.
A Scania projeta que o modelo 6×4 com mochilão represente entre 20% e 30% das vendas totais de caminhões a gás em 2025. “Esse lançamento reflete um avanço estratégico, pois amplia nossa oferta e atende a uma demanda crescente, especialmente no agronegócio, que ainda tem grande potencial para a tecnologia a gás”, destaca Nucci.
Condições especiais para financiar
Para atrair mais negócios para caminhões a gás durante a Agrishow, a Scania apresentará condições especiais por meio do programa CDC Verde. “O programa oferece taxas de financiamento de 20 a 25 pontos-base abaixo das taxas convencionais, podendo chegar a 1,25% ao mês, dependendo da negociação”, explica o diretor de vendas.
O modelo 6×4 a gás será oferecido a um preço competitivo, com um custo muito próximo ao de um caminhão a diesel da mesma potência. “A diferença é mínima, cerca de 5% a mais do que os caminhões diesel. Essa semelhança de custo pode ser um diferencial importante para clientes que buscam alternativas sustentáveis sem comprometer o desempenho e a eficiência operacional”, afirma Nucci.
Crescimento da frota a gás e novas parcerias
Em 2024, a Scania comercializou 430 unidades de caminhões a gás no Brasil e prevê dobrar esse volume em 2025, alcançando a marca de mil unidades. Esse crescimento será impulsionado pela ampliação da infraestrutura de abastecimento, com destaque para os corredores azuis, que garantem o abastecimento de gás em pontos estratégicos do país.
Além disso, a Scania tem investido em parcerias para alavancar as vendas de caminhões a gás. Um exemplo recente é o acordo com a Gás Verde, que inclui a locação de 100 caminhões pela Gás Verde por meio da Scania Locação. O contrato de cinco anos prevê a sublocação desses veículos para grandes empresas como L’Oréal, Nestlé e Ambev.
A parceria com a Gás Verde visa atender à crescente demanda de indústrias que já adotaram medidas de descarbonização em suas fábricas e agora buscam expandir esse compromisso para o transporte. Para facilitar essa transição, oferece um pacote completo de descarbonização, que inclui o fornecimento de biometano, além do caminhão e da manutenção. Os primeiros 40 caminhões já foram entregues à Gás Verde, e a conclusão da frota está prevista para este ano.
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