Ocorrências com produtos perigosos sobem 19,8% em São Paulo e acendem alerta no setor de transporte

Levantamento da ABTLP mostra alta nas ocorrências em 2024, com média de três registros por dia e impactos ambientais relevantes

Aline Feltrin

O transporte rodoviário de produtos perigosos no estado de São Paulo registrou 1.033 ocorrências em 2024, o que representa um aumento de 19,8% em relação aos anos anteriores. Os dados constam no Relatório Anual de Ocorrências da Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos (ABTLP), divulgado nesta semana. O documento reúne informações sobre acidentes e incidentes com cargas químicas, inflamáveis e outros materiais classificados como perigosos.

Do total, foram contabilizados 490 acidentes e 543 incidentes, com uma média de quase três registros por dia. Julho foi o mês com mais ocorrências (103) e outubro o de menor volume (65). O pico de registros se concentrou no período entre 14h e 16h.

Apesar do aumento expressivo nas ocorrências, o número de vítimas fatais caiu significativamente: foram 20 mortes em 2024, ante 30 nos dois anos anteriores e 34 em 2021 — uma redução de 33%. Ainda assim, o total de vítimas, somando mortos e feridos, chegou a 1.094 pessoas.

“Mesmo com a elevação no número de registros, a queda nas fatalidades mostra que as medidas de segurança e resposta a emergências estão evoluindo. Ainda assim, cada ocorrência deve ser tratada como base para prevenção mais eficiente”, afirma Oswaldo Caixeta, presidente da ABTLP.

O levantamento é baseado em dados do Comando de Policiamento Rodoviário, da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (ARTESP), da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e do serviço PRO-QUÍMICA.

Raposo Tavares e Castello Branco

As rodovias Raposo Tavares, Washington Luís e Presidente Castello Branco lideram os índices de ocorrências, e o transporte a granel foi o tipo de carga mais envolvido, com 855 registros. Entre as substâncias, combustíveis como óleo diesel, etanol, GLP e gasolina foram os mais presentes nos casos registrados.

Em relação ao impacto ambiental, dos 141 vazamentos computados, 108 provocaram contaminação do solo e do ar, acendendo um sinal de alerta sobre os riscos ambientais ainda existentes na atividade.

“A meta não é apenas reduzir o número de ocorrências, mas garantir que o transporte de produtos perigosos seja um modelo de segurança e responsabilidade”, reforça Caixeta.

As informações do relatório são utilizadas pela Comissão de Estudos e Prevenção de Acidentes no Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, que atua na formulação de políticas públicas e diretrizes operacionais para o setor.

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