Porto de Pecém amplia integração com a Ásia e passa a receber rota marítima semanal da MSC

Novo serviço direto reduz em até 50% o tempo de trânsito entre o Nordeste e principais portos asiáticos

Aline Feltrin

O Porto do Pecém, no Ceará, dá um passo estratégico rumo à consolidação como um dos principais hubs logísticos do Brasil voltado para o comércio com a Ásia. A APM Terminals Pecém, do grupo dinamarquês A.P. Moller-Maersk, anunciou a inclusão do terminal cearense no itinerário do serviço MSC Far East-Centram-ECSA (Santana), com escala semanal e conexão direta a alguns dos principais portos asiáticos.

A nova rota elimina a necessidade de transbordos em portos do Sudeste e Sul, o que representa uma redução significativa nos tempos de trânsito e nos custos logísticos. O tempo estimado entre a Ásia e o Nordeste, que hoje pode chegar a até 60 dias, será reduzido para cerca de 30 dias.

Entre os portos atendidos diretamente pelo novo serviço estão Mundra (Índia), Singapura, Yantian (China), Ningbo, Xangai, Qingdao e Busan (Coreia do Sul). A expectativa é de que o serviço fortaleça o corredor comercial entre a Ásia e o Nordeste, em especial com destinos como China, Índia, Bangladesh e Egito.

Crescimento projetado e impacto logístico

Com a operação, a APM Terminals projeta um incremento imediato entre 15% e 20% no volume movimentado no terminal cearense. “Além de aumentar o fluxo de cargas, a nova rota deve atrair novos perfis de carga para o Pecém, tanto na importação quanto na exportação”, afirma Daniel Rose, CEO da APM Terminals Suape e Pecém.

A expectativa é de que segmentos como algodão e proteína animal, cujas exportações para a Ásia vêm crescendo de forma expressiva, se beneficiem diretamente da nova conexão. “A entrada de Pecém na rota representa uma alternativa mais competitiva frente aos portos do Sudeste e Sul”, acrescenta Rose.

Além disso, o serviço traz eficiência adicional para a logística de cargas oriundas da Zona Franca de Manaus, com transbordo em Pecém, encurtando significativamente o tempo de transporte para mercados asiáticos.

Exportações nordestinas e indústria local

Segundo André Magalhães, diretor comercial do Complexo do Pecém, o novo serviço amplia o potencial de internacionalização de diversos produtos da região Nordeste, como granito, mármore, castanha de caju, cera de carnaúba, frutas, calçados e têxteis, além de atender à crescente demanda do e-commerce.

“Com uma população superior a 2 bilhões de pessoas, o mercado asiático representa uma oportunidade estratégica. A rota também permite que indústrias cearenses importem maquinário e insumos com mais agilidade, o que fortalece a competitividade da produção local”, explica.

Max Quintino, presidente do Complexo do Pecém, destaca que a nova rota reforça o papel do porto como porta de entrada e saída do Brasil no cenário global. “Essa conexão direta com a China e demais países asiáticos posiciona o Ceará de forma mais estratégica no comércio exterior. A nova configuração reduz significativamente o tempo de deslocamento das mercadorias e amplia o acesso a novos mercados”, afirma.

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