Procura por consórcio de caminhões recua no início de 2025, mas setor aposta em retomada

Apesar da queda nas novas adesões, aumentos expressivos no volume de créditos, tíquete médio e contemplações reforçam expectativa de crescimento de 10% no ano, segundo a ABAC

Aline Feltrin

As vendas de novas cotas de consórcio para veículos pesados recuaram 24,3% no primeiro bimestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), foram comercializadas 29,51 mil cotas entre janeiro e fevereiro deste ano, ante 38,96 mil no mesmo intervalo de 2024.

Apesar da retração nas adesões, o setor já dá sinais de recuperação. Em fevereiro, o volume de vendas superou o de janeiro, indicando uma possível retomada gradual da confiança do consumidor. Esse movimento estaria ligado ao início do calendário econômico, à estabilização de indicadores macroeconômicos e a uma leve melhora na percepção de risco por parte do comprador.

Segundo o presidente da ABAC, Paulo Roberto Rossi, o cenário exige análise cuidadosa, mas os fundamentos são favoráveis. “O consórcio é sempre uma alternativa para quem quer fugir dos juros. Para 2025, entendemos que a trajetória das vendas de cotas seguirá ascendente, convergindo para nossa previsão de crescimento de 10% em relação a 2024”, afirma.

Mesmo com a redução no número de novos consorciados, outros indicadores do setor apontam para um desempenho robusto. O volume de créditos comercializados cresceu 3% no bimestre, passando de R$ 6,24 bilhões para R$ 6,43 bilhões. Já o tíquete médio atingiu R$ 236,97 mil em fevereiro, um salto de 30,3% frente ao mesmo mês de 2024.

Outro destaque foi o avanço nas contemplações: 19,04 mil consorciados foram contemplados nos dois primeiros meses deste ano, uma alta de 38,1%. O volume de créditos disponibilizados para aquisição de bens cresceu ainda mais — 78,3% — alcançando R$ 4,10 bilhões.

Participantes ativos e comportamento do consumidor

O número de participantes ativos no sistema também avançou 10,4%, chegando a 870,32 mil, o que demonstra a resiliência do setor. “Enquanto em 22 dias úteis de janeiro somamos 14,68 mil cotas, em fevereiro, com 20 dias úteis, houve um crescimento de 1%, com 14,83 mil cotas. Quando comparamos os fevereiros de 2025 e 2024, o aumento foi de 28,4%. Isso confirma que a retomada já começou”, afirma Rossi.

Para o dirigente da ABAC, o comportamento recente reflete uma mudança no perfil do consumidor, principalmente no setor de transporte e agronegócio. “Historicamente, o consórcio tem sido a melhor alternativa para aqueles que buscam renovar ou ampliar suas frotas. É um mecanismo de autofinanciamento que preserva a isonomia entre seus participantes, com custos mais baixos e regras claras.”

Rossi explica que os dados do início do ano já incorporam a dinâmica de setores-chave como o agronegócio, que caminha para uma safra recorde em 2025. “Com mais crédito do Plano Safra e maior demanda por transporte, o uso de consórcios deve aumentar. Isso também impulsiona negócios em outros segmentos da economia”, avalia.

Mesmo com juros elevados, o consórcio segue sendo uma alternativa viável para planejamento financeiro. “Independente da conjuntura econômica, o consórcio sempre foi uma boa estratégia para o segmento transportador. Como não possui juros — apenas taxa de administração —, é ideal para quem se planeja e busca trocar de veículo com previsibilidade e menor custo”, conclui o presidente da ABAC.

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