Mercado de caminhões fecha primeiro bimestre com alta de 10,8% nas vendas

Apesar do bom desempenho, a Anfavea não descarta preocupação devido à queda no emplacamento de modelos pesados por causa da elevada taxa de juros

Sonia Moraes

O mercado de caminhões fechou fevereiro com 8.967 veículos emplacados, queda de 4,7% sobre janeiro (9.410 unidades) e um crescimento de 7,1% sobre os 8.376 veículos vendidos no mesmo mês de 2024, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No acumulado de janeiro a fevereiro, as vendas atingiram 18.377 unidades, com aumento de 10,8% sobre igual período de 2024, quando foram comercializados 16.593 veículos no mercado brasileiro.

Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea, não considerou o resultado negativo de fevereiro uma queda, pois o mês passado teve menos dias úteis do que em janeiro. “E natural essa redução e representa um mercado que está em estabilidade”, argumentou.

Freitas comentou que, apesar do crescimento de 10,8% nas vendas no primeiro bimestre deste ano, o momento é de preocupação. Ele citou o segmento de pesados, que puxou o crescimento do mercado de caminhões no ano passado, teve queda de 20% nas vendas em fevereiro, com 3.863 veículos emplacados, em relação a janeiro deste ano. Quando se compara com fevereiro de 2024 (4.366 unidades) a redução é de 10,9%. No acumulado de janeiro a fevereiro, a venda de 8.694 modelos pesados ficou 1,4% abaixo de igual período de 2024, quando atingiu 8.813 unidades.

“Estamos vendo agora uma mudança na tendência, porque os caminhões pesados dependem muito de financiamento. São modelos mais caros e o financiamento é bastante representativo para este segmento”, disse Freitas.

Outro ponto destacado por Freitas é que os caminhões pesados não requerem implementação, o que acaba sinalizando mais rápido o comportamento do mercado. “Além da taxa de juros elevada – a taxa fixa do BNDES está em 16% ao ano, o maior nível da história da TFB –, ainda tem o aumento do diesel, que está impactando muito no frete e isso acaba sendo percebido diretamente por esse segmento”, disse Freitas. O segmento de semipesados teve crescimento de 29,3% nas vendas do primeiro bimestre de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, com 5.557 unidades. Os médios cresceram 15,4%, com 1.495 unidades; os leves avançaram 4,3%, com 1.637 unidades, e os semileves tiveram queda de 4,5%, com 994 unidades.

Freitas esclareceu que os emplacamentos de veículos dos demais segmentos são de compras realizadas no ano passado, que passaram por implementação e estão sendo emplacados agora. “O resultado dos modelos pesados é um sinal de alerta para o setor. Precisamos acompanhar e ver como vai evoluir. Temos apenas dois meses neste ano, mas é um ponto que chama bastante a atenção e precisamos acompanhar de perto”, disse o vice-presidente da Anfavea.

Ranking

No ranking do setor a Volkswagen Caminhões e Ônibus ficou com a liderança, com 4.397 caminhões vendidos no acumulado de janeiro e fevereiro deste ano, 7,8% a mais do que no mesmo período de 2024 (4.079 unidades). O segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 4.166 veículos comercializados no país, aumento de 23,3% sobre janeiro e fevereiro do ano passado (3.380 unidades).

A Volvo ficou em terceiro lugar com 3.320 veículos vendidos no primeiro bimestre deste ano, 4,9% superior ao mesmo período de 2024 (3.071 unidades), e a Scania em quarto com 2.577 veículos, 4,9% a mais que janeiro e fevereiro de 2024 (2.512 unidades).

A Iveco, quinta colocada, vendeu 1.500 caminhões, 50,6% a mais do que no primeiro bimestre do ano passado (996 unidades), e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 1.465 caminhões, 4,5% abaixo de janeiro e fevereiro de 2024 (1.534 unidades).

Produção

A produção de caminhões atingiu 11.970 unidades em fevereiro deste ano, garantindo um crescimento de 48,9% sobre janeiro deste ano (8.091 unidades) e de 17,8% sobre fevereiro de 2024 (10.162 unidades).

No acumulado de janeiro a fevereiro deste ano, a produção somou 20.011 unidades, com aumento de 10,5% sobre os 18.103 veículos fabricados no mesmo período de 2024. “O destaque no período é a grande produção do segmento de médios, que cresceu 118,4%, com 782 unidades. Mais do que dobrou a produção, mas precisamos acompanhar esse número ao longo do ano à medida que o mercado vai avançando”, disse Freitas. “É importante destacar que essa produção foi planejada há seis meses. Então, existe, o que a gente chama internamente nas montadoras de período congelado, quando não há tanta flexibilidade para mudar a produção.”

Márcio Leite, presidente da Anfavea, comentou que o aumento da produção no primeiro bimestre deste ano foi impulsionado pela Fenatran. “Mas a alta de juros começa a interferir na velocidade dos pedidos e das vendas de caminhões, sinalizando um movimento mais lento.”

A produção de pesados aumentou 0,4%, chegando a 10.770 unidades, e a de semipesados avançou 36,7%, com 5.639 unidades. Os leves reduziram 3,7% para 2.713 unidades e os semileves aumentaram 44,6%, atingindo 107 unidades

Exportações

As exportações de caminhões atingiram 2.308 unidades em fevereiro crescendo 126,5% em relação a janeiro (1.019 unidades) e 73,7% sobre fevereiro de 2024 (1.954 unidades). No primeiro bimestre, foram exportados 3.327 veículos, 70,3% a mais do que no mesmo período de 2024, quando totalizou 1.954 unidades. Foram 2.037 unidades de caminhões pesados, 819 de semipesados, 316 de leves, 104 de médios e 51 de semipesados. Apesar dos desafios esperados para 2025, o presidente da Anfavea disse estar otimista em relação ao desempenho do Brasil e do setor automotivo. “Vai ser um ano importante de crescimento”, disse Leite.

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