Os roubos de carga no Brasil em 2024 tiveram uma forte concentração na região Sudeste, onde ocorreram 80% dos casos, de acordo com um estudo do Centro de Inteligência da Overhaul, empresa global de monitoramento de cargas. Entre as rodovias mais afetadas, a Via Dutra se destacou como um dos principais alvos da criminalidade, registrando uma em cada 15 ocorrências no país ao longo do ano.
A Rodovia Presidente Dutra, que conecta São Paulo ao Rio de Janeiro e é a mais movimentada da região, se tornou um ponto crítico para a segurança do transporte de cargas. O trecho de 401 km entre as duas maiores cidades do Brasil concentrou 6,79% dos roubos de carga registrados no país em 2024. Esse volume equivale a 73% das ocorrências em toda a BR-116, rodovia da qual a Dutra faz parte e que se estende por 4.713 km, entre Jaguarão (RS) e Fortaleza (CE).
No recorte por estados, São Paulo liderou com 43% dos roubos de carga no Brasil, seguido pelo Rio de Janeiro (29%) e Minas Gerais (6%). O Espírito Santo, apesar de ter um percentual menor, foi um dos estados que mais cresceram em incidência, dobrando sua participação de 1% para 2% em 2024. O Nordeste também registrou aumento significativo, alcançando 10% das ocorrências nacionais, impulsionado por Pernambuco, que viu sua participação saltar de 1% para 4%.
Perfil dos crimes
Os roubos de carga na Via Dutra ocorrem majoritariamente entre terça e quinta-feira, concentrando 60% dos casos. No entanto, diferentemente de outras rodovias, onde os assaltos costumam acontecer durante a manhã, na Dutra os criminosos preferem agir entre as 19h e 10h, horário que responde por 63% das ocorrências.
Outro fator relevante é a influência das obras na rodovia. Desde o ano passado, a Via Dutra passa por interdições diárias para melhorias na infraestrutura, com destaque para a maior delas na Serra das Araras, em Piraí (RJ). Essas interdições têm impactado a logística e possivelmente contribuído para a vulnerabilidade dos caminhoneiros e transportadoras.
Reginaldo Catarino, gerente de Inteligência da Overhaul Brasil, destaca que “os roubos de cargas no Brasil têm relação direta com mudanças no comportamento de consumo, questões macroeconômicas, avanço da produção agrícola e crescimento da informalidade, além da falta de infraestrutura nas estradas e paradas seguras”.
O setor logístico, que já lida com desafios como aumento dos custos operacionais e escassez de motoristas, agora enfrenta a crescente preocupação com a segurança nas rodovias. Medidas como reforço da fiscalização, ampliação de áreas seguras para descanso dos caminhoneiros e investimento em tecnologia para rastreamento de cargas são fundamentais para combater essa escalada da criminalidade, segundo já defendeu entidades do setor de transporte e logística.
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