A Mercedes-Benz mantém expectativa positiva para 2025 e projeta para o mercado de caminhões o mesmo patamar do ano passado. “Estamos avaliando se o planejamento feito no fim de 2024 se confirma, mas ainda não temos dados consistentes que apontem se este ano será melhor ou pior do que 2024. Neste momento temos uma preocupação, mas é positiva”, disse Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, em entrevista para a Transporte Moderno.
Ferrarez afirmou que a taxa de juros elevada e, com previsão de se manter em 15% ao longo do ano, impacta os negócios, reduz o poder de compra das pessoas, afeta o varejo e o transportador, que terá que pagar parcela elevada no financiamento do caminhão. “Também pressiona os custos de quem trabalha com insumos ou materiais importados ao mesmo tempo que favorece a economia pelo efeito da moeda. Mas precisamos entender como o frete vai se comportar. Se houver reajuste que compense as outras despesas das operações, o cenário pode ser positivo. Caso contrário, poucos conseguirão renovar as frotas e os operadores logísticos devem reduzir a compra de veículos novos.”
A revisão do PIB para um índice menor, abaixo do esperado por vários economistas, sinaliza cautela, segundo Ferrarez. “Na Mercedes-Benz, estamos discutindo várias possibilidades com a matriz, mas o que temos de efetivo é que o mercado de caminhões se baseia na confiança do investidor e o cliente na economia. Nós fazemos as previsões, mas dependemos de sinalizações que acontecem dentro e fora do país.”
O vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz ressaltou que no Brasil há uma demanda natural da sociedade por mercadorias, obras públicas e construção e uma procura internacional por commodities. “Temos um movimento econômico nacional e internacional que favorece o país, mas é preciso fazer a lição de casa em relação à administração pública e ao direcionamento correto em algumas mudanças estruturais para trazer confiança maior ao mercado.”
Apesar das incertezas, alguns segmentos vão continuar puxando positivamente a economia e os negócios de caminhão, na avaliação de Ferrarez. “O setor agrícola começou o ano bem e terá safra recorde de mais de 320 milhões de toneladas de grãos; o de mineração continua aquecido; de logística de combustível fechou 2024 com boas tendências, começou o ano num patamar elevado e deve continuar impulsionando o setor de transporte; o de madeira está bem e o governo deve promover licitação pública para a compra de caminhão. A construção civil de rodovias continua bem e a construção civil de imóveis tem demanda no Brasil inteiro e continuamos vendo a necessidade de movimentação de carga por todo o país. Tem ainda as commodities, que vêm apresentando bom desempenho, e o dólar elevado, que favorece as exportações”, citou o executivo. “Há fatores positivos na economia, que são sólidos e relevantes para os nossos negócios, mas as condições macroeconômicas podem esfriar essa demanda.”
No mercado de caminhões, o veículo pesado se destacou no emplacamento de janeiro, mas a Mercedes-Benz vislumbra uma demanda equilibrada entre os modelos ao longo do ano. “Já percebo uma estabilidade na demanda entre todos os segmentos.”
Encomendas
Na Mercedes-Benz, as atividades na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) estão em um turno normal e as encomendas fechadas durante a Fenatran estão, em sua maioria, confirmadas. “Tem bastante veículo para o varejo pela característica do nosso negócio e portfólio, e esses clientes fazem compras para curto prazo. Os frotistas médios estão renegociando as compras para um período de três a cinco meses e estamos fechando negócios. Os grandes frotistas, transportadores de cargas de commodities e as locadoras, que fazem compra para o ano, estão fazendo as contas e, por questão de custos, estão conversando e esperando para ver como ficará o cenário econômico”, disse Ferrarez.
Resultados de 2024
A Mercedes-Benz terminou 2024 em segundo lugar no mercado de caminhões, com 25.512 veículos emplacados, 11,7% superior às 22.830 unidades comercializadas em 2023, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em janeiro, a montadora assumiu a liderança no mercado de caminhões, com a venda de 2.199 veículos no país, volume 8% inferior a dezembro de 2024 (2.391 unidades), mas 29,1% superior aos 1.703 veículos emplacados em igual mês do ano passado. “O resultado de janeiro foi muito positivo e nos deixou muito animado”, disse Ferrarez.
Os carros-chefe de vendas da marca são os modelos Accelo e o Atego, mas a estratégia, segundo Ferrarez, é conseguir o mesmo sucesso para o Actros, extrapesado com motor Euro 6 de 530 cv de 13 litros na versão 6×2 e 6×4, o mesmo que é vendido na Europa e nos Estados Unidos. “Esse caminhão tem um diferencial, é um produto premium no segmento de extrapesado, com pacotes tecnológicos modernos e as vendas deste veículo com esse motor têm crescido substancialmente nos últimos meses. O mercado está conhecendo, gostando e está comprando.”
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