O mercado de caminhões registrou em janeiro de 2025 a venda de 9.410 veículos, o que representou aumento de 14,5% sobre igual mês de 2024. Na comparação com dezembro de 2024, quando foram comercializados 11.448 veículos no país, a retração foi de 17,8%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
“O emplacamento de janeiro está conforme o esperado pela Anfavea, mas, apesar do resultado positivo, há duas preocupações: o recente aumento do diesel, que traz impacto grande no custo do frete e, com a dificuldade de fazer o repasse, acaba pressionando os transportadores. A outra é a taxa de juros elevada, que já começa a interferir nas decisões dos clientes”, destacou Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea. “A expectativa de elevação da taxa de juros traz incertezas para o setor de pesados.”
Na avaliação de Freitas, os três primeiros meses do ano serão cruciais para ter uma avaliação precisa de como irá se comportar o segmento de caminhões ao longo do ano. Como fator positivo ele citou o bom desempenho esperado para a safra agrícola, que deve puxar a demanda de caminhões, e outros setores, como o de construção civil, puxado pela infraestrutura, e de distribuição para abastecer o varejo, que tiveram crescimento expressivo no ano passado. “Somando essas demandas, estamos falando de PIB, que tem expectativa de crescimento de 2%, podendo ter uma variação para cima e para baixo, e precisamos acompanhar isso de perto.”
O que preocupa, segundo Freitas, são os juros elevados, que aumentam o custo da operação. “Tivemos recentemente o aumento do diesel muito puxado pelas condições de taxa do câmbio. A questão do custo preocupa porque começamos a observar o cliente preocupado em assumir um compromisso de trocar um caminhão usado por um novo”, disse Freitas.
Finame ou CDC
Ao ser questionado se, devido à alta taxa de juros, está havendo uma migração do CDC para o Finame, o vice-presidente da Anfavea comentou que vai depender das condições do Finame. “O Finame TFB, linha de crédito mais comum do BNDES, com taxa de juros pré-fixada e estável ao longo do contrato, está em patamares elevadíssimos, próximo de 16% ao ano, e quando se agrega o spread do BNDES e do agente financeiro, estamos falando de taxas muitas vezes superiores a 20% ao ano. Se permanecer nestas condições, provavelmente o CDC vai continuar sendo mais interessante. Isso vai depender de como o Finame vai operar, se terá alteração para poder ser um pouco mais competitivo”, disse Freitas.
Do total de caminhões vendidos em janeiro deste ano, o destaque foi o segmento de pesados, com 6.037 unidades, e o semipesados, com 2.935 unidades, que puxaram o crescimento no primeiro mês do ano, tendência que vem sendo registrada desde o ano passado, segundo Freitas. O segmento de leves teve 948 veículos emplacados, o de médio 878 e o de semileves 650 unidades.
No ranking do setor, a Mercedes-Benz inicia 2025 na liderança, com 2.199 caminhões vendidos em janeiro, 29,1% superior ao mesmo mês do ano passado (1.703 unidades), e o segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que teve 2.016 veículos comercializados no país, 9,7% superior ao primeiro mês de 2024 (1.837 unidades).
A Volvo ficou em terceiro lugar, com 1.714 veículos vendidos em janeiro, 2,8% a mais do que igual mês de 2024 (1.668 unidades), e a Scania em quarto com 1.335 veículos, 16,9% superior ao mesmo mês do ano passado (1.142 unidades).
A DAF, quinta colocada, vendeu 830 veículos, 2,2% a menos do que em janeiro do ano passado (849 unidades) e a Iveco, que está em sexto lugar, comercializou 795 veículos, 50,3% superior ao primeiro mês de 2024 (529 unidades), segundo a Anfavea.
Produção
A produção em janeiro se manteve estável, com 8.041 veículos, o que representou um crescimento de 1,3% sobre janeiro de 2024 (7.941 unidades). Mas, quando comparado com os 10.679 veículos fabricados em dezembro de 2024, a redução foi de 7,7%.
Do total de caminhões produzidos no primeiro mês deste ano, 5.957 unidades são de modelos pesados e 2.955 unidades de semipesados. De modelos leves foram fabricados 1.413 veículos, de médios foram 328 e de semileves 26 unidades.
O vice-presidente da Anfavea comentou que agora, com a situação normalizada e com a base comparativa equilibrada, é possível fazer comparações mais assertivas para o mercado de caminhões. “O mês de janeiro mostrou estabilidade da produção, mas quando comparamos com janeiro de 2021 e 2022 o setor segue um pouco abaixo do que já produziu nos últimos cinco anos”, disse Freitas.
Exportações
No mercado externo as montadoras tiveram bom desempenho em janeiro, com a exportação de 1.019 veículos, crescimento de 63% quando comparado com o mesmo mês de 2024, quando os embarques atingiram 625 unidades. Na comparação com os 2.066 veículos exportados em dezembro do ano passado, a queda foi de 50,7%.
Do total exportado em janeiro, 1.122 unidades são de modelos pesados, 646 de semipesados, 153 de leves, 123 de médios e 22 de semileves.
Em CKD (veículos desmontados) foram exportados 347 caminhões em janeiro deste ano, enquanto no mesmo mês de 2024 foram 432 veículos, segundo a Anfavea. “Observamos uma retomada da indústria de caminhões na Argentina, crescimento que vem numa tendência desde o último trimestre de 2024 e, muito provavelmente, grande parte do destino das exportações deve ter sido a Argentina”, disse Freitas.
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