Transporte Moderno – Com juros elevados na casa dos 14%, isso acaba impactando diretamente no financiamento de caminhões, certo?
José Alberto Panzan – Sem dúvida. Para o setor, a venda de caminhões está intimamente ligada ao agro, que tem sido responsável por impulsionar o PIB. Por outro lado, o mercado de locação, que é uma excelente alternativa, tem crescido bastante, e a tendência é que isso se intensifique ainda mais. Aqui na minha empresa, a locação tem se mostrado uma grande aliada.
Transporte Moderno – Você já mencionou que está considerando expandir sua frota alugada. O que motivou essa decisão e quais são seus planos?
José Alberto Panzan – Começamos a fazer locação de veículos no final de 2021 e, desde então, vimos que a locação oferece muita flexibilidade, principalmente para atender demandas de médio e curto prazo. Agora, com a alta de juros, estamos reavaliando a compra de novos caminhões. Como exemplo, hoje, se formos comprar um caminhão Scania, a prestação gira em torno de R$ 17 mil a R$ 18 mil, enquanto para alugar um caminhão para o mesmo serviço, pagamos em média R$ 12 mil. É uma diferença significativa.
Transporte Moderno – Qual a participação da frota alugada no volume total de caminhões?
José Alberto Panzan – Hoje, cerca de 30% da nossa frota é alugada. Essa proporção tem crescido desde 2021. Nossa ideia é que esse número chegue a 40% ou 45% nos próximos anos, dependendo da situação do mercado.
Transporte Moderno – No que diz respeito aos serviços agregados à locação, você tem buscado algo além do caminhão em si, como a torre de controle ou telemetria, por exemplo?
José Alberto Panzan – No nosso caso, optamos por ficar responsáveis pela manutenção dos caminhões. Já temos nossa própria telemetria e torre de controle integrados ao nosso sistema. A locação é mais voltada para o fornecimento do veículo em si, e nós cuidamos do restante.
Transporte Moderno – Quais são seus parceiros nesse segmento?
José Alberto Panzan – Começamos com a Maroni, principalmente com as carretas e, mais recentemente, fechamos com a Vamos. Hoje, temos contratos com essas duas empresas, e sempre buscamos fortalecer essas parcerias. Mas, claro, estamos atentos para novas oportunidades no mercado.
Transporte Moderno – Você manterá as parcerias com a Maroni e a Vamos para novos contratos?
José Alberto Panzan – Sim, minha primeira opção continua sendo buscar viabilidade com nossos parceiros atuais, mas, claro, não descartamos novas possibilidades se surgirem.
Transporte Moderno – Você mencionou que está fazendo as contas, levando em consideração o valor das parcelas do financiamento e da locação. Quais são os principais benefícios, além desse, que você tem visto na locação desde 2021?
José Alberto Panzan – O primeiro benefício é a flexibilidade, como mencionei antes, com a possibilidade de diversificar a frota sem um grande desembolso inicial. O segundo é a chance de atender à demanda pontual dos nossos clientes. Se eles precisam de veículos por um período limitado, podemos fechar contratos de locação sem precisar comprar novos caminhões. E o terceiro benefício é a parte tributária, que também pode gerar vantagens para a empresa.
Transporte Moderno – Há algum impacto positivo com relação à gestão tributária?
José Alberto Panzan – Sim, definitivamente. Dependendo da operação, conseguimos aproveitar benefícios fiscais e descontos de imposto de renda. Mas, como eu disse antes, cada operação é única, por isso precisamos avaliar bem todos os cenários antes de tomar decisões.
Transporte Moderno -Diante de um cenário econômico complicado, com alta de juros, inflação, e possível aumento do diesel, quais são suas expectativas para 2025?
José Alberto Panzan – Apesar das dificuldades, nossa previsão é de um crescimento de pelo menos 15% este ano. Acredito que, com uma gestão mais ágil e focada, conseguiremos atravessar esses desafios. Inclusive, estamos trabalhando com a Fundação Dom Cabral para melhorar nossa gestão corporativa. Acredito que é uma questão de saber lidar com os desafios, não ficar apenas reclamando.
Transporte Moderno – E sobre a falta de motoristas, ainda é um problema no setor?
José Alberto Panzan – Sim, estamos sentindo isso, mas encontramos soluções criativas. Por exemplo, no ano passado, para suprir a demanda, fechamos uma parceria com um aplicativo de motoristas. Embora ele tenha algumas limitações, como segurança jurídica, o tempo de contratação foi bem reduzido, o que foi uma grande vantagem.
Transporte Moderno – A tecnologia tem sido uma aliada nesse processo?
José Alberto Panzan – Com certeza. A tecnologia ajuda muito a otimizar processos, seja na contratação de motoristas, na telemetria dos caminhões, ou na gestão do negócio como um todo. O importante é saber usar as ferramentas a nosso favor.
Transporte Moderno – Você mencionou a questão da infraestrutura, que é sempre um desafio…
José Alberto Panzan – A infraestrutura é, sem dúvida, um ponto crítico. O Brasil depende de investimentos em infraestrutura para tornar a logística mais eficiente. Enquanto isso não acontecer, precisamos ser criativos, buscar soluções alternativas e continuar trabalhando para melhorar a gestão.
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