Em 1997, a Iveco retornava ao Brasil com planos ambiciosos

A reportagem especial da Transporte Moderno, publicada na década de 1990, noticiava o retorno da marca italiana após deixar de operar no Brasil em 1985

Aline Feltrin

O Brasil vivia um momento de recuperação econômica, em 1997, após a implementação do Plano Real, e a indústria automobilística brasileira começava a respirar novos ares. Nesse cenário promissor, a italiana Iveco fazia seu retorno ao país, após 12 anos de ausência. A volta da marca não era apenas um retorno local, mas parte de um movimento global que reconfigurava o mercado de veículos comerciais no planeta. A reportagem especial da Transporte Moderno, publicada em julho de 1997, revela os bastidores dessa história e os desafios enfrentados pela empresa.

A primeira partida: o cenário turbulento de 1985

O fim da década de 1980 marcou o início da trajetória da Iveco no Brasil, mas esse caminho foi interrompido logo em 1985, quando a marca decidiu se retirar do país devido à grave crise econômica. O Brasil, naquele momento, enfrentava uma inflação anual de 235,11%, o que tornava qualquer tipo de investimento um verdadeiro desafio. A situação econômica estava longe de oferecer um terreno fértil para negócios, e a Iveco, que havia sido criada em 1975 pelo grupo Fiat com o objetivo de centralizar seus negócios de veículos comerciais, não via o Brasil como parte de seus planos no curto prazo.

Além disso, a globalização ainda estava em seus primeiros passos, e as parcerias internacionais não eram tão comuns como viriam a ser nas décadas seguintes. A Iveco não era ainda o gigante global que se tornaria nos anos seguintes.

O renascimento: expansão internacional e a volta ao Brasil

No entanto, a década de 1990 trouxe uma nova perspectiva para a Iveco. A partir de 1987, a empresa iniciou uma expansão internacional que a levaria a novos mercados ao redor do mundo. A marca italiana abriu 19 frentes de atuação, com parcerias e licenciamentos em regiões como Oceania, Europa, Ásia e América do Sul. Esse movimento de internacionalização transformaria a Iveco em um dos maiores nomes do setor de veículos comerciais.

Em 1997, a empresa decidiu dar um passo audacioso e retornar ao Brasil, justamente quando o país passava por uma nova fase econômica, agora estabilizada pelo recém-criado Real. A Iveco escolheu um evento de peso para marcar sua estreia: a tradicional Fenatran, a maior feira de transporte do Brasil, que aconteceria no Expo Center Norte, em São Paulo, em setembro daquele ano. A volta ao Brasil não seria discreta; a marca italiana estava determinada a mostrar sua força e seus produtos em um mercado agora mais receptivo ao investimento estrangeiro.

O Brasil no radar

“Em 1985, o Brasil não estava em nosso mapa, mas agora está. Vamos mostrar nosso produto na próxima Fenatran”, afirmou Jens Peter, representante da Iveco, em uma entrevista à Transporte Moderno.

Essa declaração de 1997 simbolizava o novo posicionamento da Iveco, que se preparava para retomar sua relação com o mercado brasileiro. A partir de então, o Brasil seria um palco fundamental para o crescimento da empresa, que começava a colher os frutos de sua aposta na expansão global.

Até 1996, a Iveco já havia registrado resultados impressionantes: quase 120 mil veículos vendidos no ano, e com a soma das joint-ventures ao redor do mundo, o total de veículos vendidos beirava os 200 mil. A empresa estava em plena ascensão, com planos ambiciosos para o novo milênio. A recuperação de seu espaço no Brasil era um reflexo da recuperação global da marca, que se consolidava como um dos principais players do setor.

Leia a reportagem sobre o retorno da Iveco ao Brasil aqui

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