Transporte Moderno – Novas tecnologias como a torre de controle e inteligência artificial impactaram na eficiência das operações da DHL?
Fábio Miquelin – Essas tecnologias foram fundamentais e nos deram maior previsibilidade e controle, o que se traduz em uma operação mais eficiente. No ano passado, conseguimos implementar a inteligência artificial em algumas operações no Brasil, o que nos permitiu antecipar tendências e agir proativamente. Isso resultou em um aumento de 10% na movimentação geral de carga em 2024, sem precisar expandir drasticamente nossa estrutura, apenas melhorando a eficiência.
Transporte Moderno – Quais são as expectativas para 2025? Vocês têm uma meta de crescimento similar?
Fábio Miquelin – A meta para 2025 é replicar o crescimento de 10% que tivemos no ano passado. Estamos focados em melhorar a eficiência, não necessariamente em aumentar volume por volume, mas sim entregar mais com a mesma estrutura. A expectativa é que continuemos a melhorar em torno de 5 a 10% todos os anos, otimizando processos e utilizando cada vez mais as novas tecnologias.
Transporte Moderno – Além das soluções de controle e inteligência artificial, há algum outro investimento ou inovação planejada para este ano?
Fábio Miquelin – Sim, estamos explorando mais automação em algumas operações, especialmente com nossos clientes. A ideia é usar a automação para aumentar a produtividade e reduzir custos, o que, por sua vez, melhora a competitividade dos nossos clientes. Estamos ainda em processo de implementação, mas temos dois ou três projetos que, assim que forem concluídos, podemos abrir mais detalhes sobre eles.
Transporte Moderno – Falando sobre a representatividade do Brasil dentro da operação global da DHL, como a posição do país evoluiu de 2023 para 2024? E o que contribuiu para esse aumento?
Fábio Miquelin – A representatividade do Brasil aumentou, sim, de 2023 para 2024. O Brasil tem uma presença forte na divisão de Supply Chain, que abrange armazenagem e transporte dentro do país. Esse aumento se deve, em parte, à redução da representatividade de outros produtos e a implementação das soluções que mencionei, como a torre de controle e automação. Com essas melhorias, conseguimos crescer sem aumentar significativamente os custos, o que resultou em um desempenho positivo.
Transporte Moderno – Como o e-commerce tem impactado diretamente para esse crescimento? A DHL tem se preparado para atender a essa demanda?
Ábio Miquelin – O e-commerce tem sido um motor significativo para o nosso crescimento. Começamos a investir fortemente nesse segmento já em 2017, antes da pandemia. Quando ela veio, já estávamos bem-preparados. Em 2023, o volume de e-commerce cresceu 30% em relação ao ano anterior. Estamos atendendo a grandes players, como Mercado Livre e Amazon, e conseguimos acompanhar esse crescimento devido à nossa capacidade de entrega, que já era robusta.
Transporte Moderno – Como a DHL se mantém competitiva diante da alta demanda do e-commerce? Quais são os principais argumentos para manter a fidelidade desses grandes players?
Fábio Miquelin – A fidelidade dos nossos clientes vem da nossa capacidade de entregar resultados, não apenas promessas. Usamos ferramentas como a torre de controle e a inteligência artificial para oferecer valor agregado e alto nível de serviço. Sabemos que a entrega pontual é crucial para a experiência do consumidor, e é isso que fazemos. A fidelidade vem de conseguirmos atender essa demanda com eficiência, sempre entregando no prazo e com qualidade.
Transporte Moderno – Como você avalia o início das operações da Levu Air Cargo?
Fábio Miquelin – Conseguimos ser mais ágeis e entregar com maior precisão. A flexibilidade que a DHL consegue oferecer se reflete diretamente na experiência do cliente, e isso é o que realmente diferencia no mercado. Estamos conseguindo atender uma demanda crescente de uma maneira muito mais eficiente, sem perder o controle da qualidade. A ampliação das rotas e a adição de mais aeronaves nos permite ter uma rede mais robusta e bem conectada, o que é crucial para mercados como o Brasil, que é vasto e tem desafios logísticos específicos, como as regiões Norte e Nordeste.
Isso também ajuda a reduzir o custo total do transporte para os nossos clientes, o que é sempre um objetivo. Ao otimizar as rotas e ter maior controle sobre os recursos, conseguimos melhorar o tempo de resposta sem aumentar os custos, o que é um valor agregado muito importante para a fidelização.
Transporte Moderno – E como os clientes têm reagido a essa melhoria nos tempos de entrega? Existe alguma mudança no tipo de serviço que eles estão demandando, agora que a DHL tem essa capacidade extra?
Fábio Miquelin – A demanda tem se transformado. Os clientes agora exigem não apenas rapidez, mas também flexibilidade e previsibilidade. A entrega no mesmo dia ou no dia seguinte não é mais um diferencial, mas uma expectativa. Os grandes players de e-commerce, por exemplo, têm investido em ferramentas para otimizar sua própria operação, e o que nós oferecemos é justamente a capacidade de acompanhar e se antecipar a esses movimentos de demanda. Estamos vendo uma mudança de foco, com clientes buscando cada vez mais soluções customizadas para suas necessidades específicas, como entregas ultrarrápidas em regiões específicas, ou ainda a rastreabilidade em tempo real de suas mercadorias.
Esse nível de personalização exige da DHL uma adaptação constante às necessidades do mercado, e o fato de termos a flexibilidade de adaptar nossos recursos, seja com a frota aérea, seja com a logística no solo, é o que tem nos permitido manter esse alto nível de competitividade. E claro, essa personalização dos serviços também nos ajuda a estabelecer um relacionamento mais estreito com os nossos clientes, pois conseguimos alinhar nossas soluções às necessidades deles.
Transporte Moderno – Você mencionou um ponto importante sobre as expectativas dos clientes em relação ao prazo de entrega. Como a DHL lida com a pressão para entregar dentro de prazos ainda mais curtos, considerando os desafios logísticos do Brasil?
Fábio Miquelin – É uma excelente questão. A DHL, como um dos principais players globais, tem uma vantagem competitiva importante, que é justamente a nossa infraestrutura e capacidade de adaptação local. Sabemos que o Brasil tem uma complexidade logística, com diversas regiões que demandam estratégias diferentes. Porém, com a flexibilidade que nossa rede oferece, como eu mencionei, conseguimos rapidamente reagir às flutuações de demanda, seja aumentando a capacidade em uma região específica, seja utilizando tecnologias avançadas para otimizar o planejamento e a execução das rotas.
A chave para atender a esses prazos curtos é a nossa capacidade de antecipação e planejamento. Com o uso de ferramentas como inteligência artificial, por exemplo, conseguimos prever picos de demanda e ajustar nossas operações para garantir que a entrega seja feita dentro do prazo acordado. Além disso, investimos em soluções de otimização de última milha, o que nos permite garantir que os pacotes cheguem ao destino final no menor tempo possível, mesmo em regiões mais remotas.
Transporte Moderno – E falando sobre o futuro, como você vê a DHL no Brasil nos próximos anos? Quais são os principais desafios e oportunidades que você enxerga?
Fábio Miquelin – O Brasil continuará sendo um mercado estratégico para a DHL, principalmente devido ao crescimento do e-commerce e à importância da logística para o desenvolvimento de vários setores. Acredito que os próximos anos vão exigir um foco ainda maior em eficiência operacional e inovação, especialmente em tecnologias como inteligência artificial, automação e gestão de dados.
O grande desafio será conseguir manter a qualidade e a flexibilidade diante de uma demanda crescente e cada vez mais personalizada. Mas também vejo muitas oportunidades no sentido de expansão e aprimoramento dos nossos serviços, especialmente em relação à última milha e à integração de diferentes soluções logísticas que atendam tanto o B2B quanto o B2C.
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