A grande virada de chave para o Brasil está na exportação, diz presidente do Sindipeças

O sindicato que representa as empresas de autopeças alerta que as vendas externas vão fazer os volumes aumentarem, mas a indústria precisa de competitividade

Sonia Moraes

O setor de autopeças viveu um ano bastante desafiador em 2024. “Tivemos e continuamos tendo um período de muitas mudanças, de muitas novidades e viradas de chave”, disse Claudio Sahad, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), durante coletiva de imprensa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), realizada na última quinta-feira (12).

Sahad ressaltou que, ao contrário do cenário global, onde a Europa ainda enfrenta incertezas sobre a rota tecnológica a ser adotada e os sistemistas estão preocupados com a queda nos programas de produção devido à indecisão das montadoras entre veículos elétricos e a combustão, e onde, nos Estados Unidos, as montadoras buscam se organizar para evitar mudanças na legislação sobre elétricos e emissões pelo presidente eleito Donald Trump, o Brasil conta com previsibilidade. “Nós temos o Mover, uma política industrial, e sabemos o que vai acontecer no país em 2025.”

O presidente do Sindipeças afirmou que o setor de autopeças realiza investimentos com base nas necessidades das montadoras e que os R$ 50 bilhões anunciados certamente serão ampliados, pois espera-se um aumento na demanda no próximo ano.

Sahad alertou que a grande virada de chave para o Brasil está na exportação. “É isso que vai fazer os volumes aumentarem, mas é preciso de competitividade. As empresas tem feito a lição de casa, mas são competitivas do portão para dentro. Do portão para fora esbarram em uma série de entraves que estão fora do nosso poder de ação e outros países não têm.”

O presidente do Sindipeças destacou que o grande objetivo para 2025 é elaborar um trabalho que possa levar a uma política governamental de estado para derrubar essas barreiras da competitividade e tornar a indústria brasileira de transformação mais competitiva. “Não estamos falando apenas do setor automotivo, pois, ao melhorar o ambiente de negócios para a indústria de transformação como um todo, a indústria automotiva será igualmente beneficiada”, disse Sahad.

Na avaliação de Sahad, em um momento em que se discute ESG, redução de emissões, descarbonização e energias sustentáveis, o Brasil tem grande potencial para dar um salto de qualidade e se tornar um destino atraente para empresas globais, que buscam produzir perto de fontes limpas de energia. “Para isso precisamos de política.”

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