Transporte Moderno – Recentemente temos visto uma grande entrada de pneus chineses no mercado, com preços muito competitivos. Como você vê essa situação? Como isso começou e até onde isso pode ir?
Marcos Aoki – Esse fenômeno não é novo, mas aumentou muito nos últimos tempos. O mercado de pneus importados sempre existiu, mas foi muito ampliado, principalmente após a pandemia. Com a escassez de produção, muitas fábricas enfrentaram dificuldades, e o mercado de transportes, essencial na pandemia, teve que continuar operando com restrições. Além disso, o governo zerou a alíquota de importação para facilitar o ingresso de produtos, o que abriu portas para a entrada desses pneus.
Transporte Moderno – E qual o impacto disso para a Bridgestone?
Marcos Aoki – O grande problema não é a chegada de produtos importados, mas o preço de venda deles, que está abaixo do custo de produção. Nossos pneus são fabricados no Brasil, com custo de matéria-prima e mão de obra local, enquanto esses pneus importados têm preços subsidiados, o que cria uma disparidade. Além disso, a qualidade e a sustentabilidade dos pneus importados também são preocupantes.
Transporte Moderno – Você mencionou a questão da sustentabilidade. Como isso afeta o mercado?
Marcos Aoki – Exatamente. A Bridgestone não só produz pneus para a primeira vida, mas também para a recapagem, que é uma solução sustentável e econômica. Já os pneus importados, especialmente os chineses, têm uma carcaça que, muitas vezes, não é reciclável ou, se for, o risco é muito grande. Isso prejudica não apenas a economia circular, mas também o meio ambiente, já que não há o mesmo compromisso com o descarte adequado das carcaças.