As condições de pavimentação das rodovias nacionais, classificadas como ruins ou péssimas, causaram um desperdício de 1,184 bilhão de litros de diesel por caminhões e ônibus em 2024. Essa constatação faz parte da 27ª edição da pesquisa de rodovias da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta terça-feira (19). O tráfego intenso sobre pavimentos deteriorados gerou grandes perdas econômicas devido ao consumo elevado de combustível. Estima-se que o problema tenha imposto um custo adicional de R$ 6,81 bilhões ao setor de transporte.
Segundo a análise da CNT, o montante poderia ser melhor investido em iniciativas de descarbonização, como a manutenção e aprimoramento das rodovias para aumentar a eficiência energética, ou ainda em alternativas sustentáveis, como a aquisição de veículos mais modernos e movidos a fontes renováveis, o reflorestamento de áreas degradadas e a produção de biocombustíveis mais limpos.
O estudo, que analisou 111.853 quilômetros de rodovias, se consolidou como a mais abrangente e detalhada avaliação sobre a infraestrutura viária do Brasil. O excesso de consumo de diesel também gerou impacto ambiental e resultou na emissão de aproximadamente 3,13 milhões de toneladas de gases de efeito estufa (MtCO2e), incluindo dióxido de carbono (CO²), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4).
Investimentos de longo prazo
O presidente da CNT, Vander Costa, destacou que, embora a deterioração das rodovias tenha sido constatada, o índice de degradação parou de crescer, o que sugere um cenário mais otimista. “Para que haja uma melhoria efetiva, o primeiro passo é evitar que a situação piore ainda mais”, afirmou. Costa também observou uma leve melhora nas condições das rodovias, destacando que esse tipo de infraestrutura exige investimentos de longo prazo. “Não é possível reverter o quadro com um orçamento de apenas um ano”, completou.
Apesar da situação preocupante em algumas regiões, como no Rio Grande do Sul, onde as rodovias sofreram danos significativos, a ação rápida do Ministério da Infraestrutura e a disponibilidade de recursos ajudaram a evitar um agravamento maior. “Apesar dos danos, a resposta eficiente impediu que os números ficassem ainda piores”, destacou Costa.
Ele reforçou a importância de garantir um orçamento adequado para a infraestrutura rodoviária, apontando que esse é o caminho para impulsionar o crescimento econômico e social. Costa também ressaltou a qualidade de vida no interior de São Paulo, destacando a infraestrutura rodoviária de excelência do estado, essencial para o desenvolvimento e o bem-estar da população.
Leve melhora
De acordo com a pesquisa da CNT, a avaliação das rodovias no Brasil é a seguinte: ótimo (7,5%), bom (25,5%), regular (40,4%), ruim (20,8%) e péssimo (5,8%). Esses números indicam uma leve melhora na qualidade geral das rodovias, refletindo o impacto positivo do aumento nos investimentos, que está começando a reverter a tendência negativa observada em anos anteriores.
Além disso, o estudo mostrou uma redução no número de problemas graves, como erosões, grandes buracos e quedas de barreiras. Comparando os dados de 2023 e 2024, observou-se a maior redução de problemas nas rodovias federais sob gestão pública, com uma diminuição de 17,4%.
A pesquisa também revelou que as dez rodovias mais bem avaliadas estão localizadas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Todas essas estradas são estaduais, e a maioria delas foi concedida ao setor privado. Por outro lado, as dez rodovias mais mal avaliadas também são estaduais, mas estão sob gestão pública, com a maior parte delas localizadas no Nordeste.
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