Mercado de caminhões fecha os dez meses de 2024 com aumento de 16,8% nas vendas

Os caminhões pesados e semipesados continuam puxando o crescimento do setor que emplacou 103.316 veículos de janeiro a outubro deste ano

A produção de caminhões alcançou 64,4 mil no primeiro semestre, um volume 36,5% maior do que o realizado no mesmo período de 2023, quando saíram das linhas de produção brasileira 47,2 mil caminhões. Na análise mensal de junho, a indústria também apresentou avanço, com 12,2 mil unidades, alta, portanto, de 74% sobre as 7 mil feitas no mesmo mês do ano passado

Sonia Moraes

O mercado de caminhões fecha o mês de outubro com 12.218 veículos vendidos no país, o que representa um crescimento de 6,7% sobre setembro deste ano (11.455 unidades) e de 29,3% em relação a outubro do ano passado, quando foram comercializados 9.447 veículos. Com este resultado, outubro se destaca como o melhor mês do ano para o setor, e o segundo melhor outubro desde 2014, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

No acumulado de janeiro a outubro de 2024 as vendas de caminhões atingiram 103.316 unidades, com aumento de 16,8% sobre os 88.450 veículos vendidos no mesmo período de 2023.

Do total de caminhões emplacados até outubro deste ano, 52.042 unidades são de modelos pesados, 28.841 unidades de semipesados, 8.393 de leves, 7.968 de médios e 6.082 de semileves.

“O que tem puxado o crescimento do mercado de caminhões são os modelos pesados e semipesados que crescem acima da média, mas já percebemos um aumento generalizado em todos os segmentos. Os veículos urbanos de carga (VUC) não crescem como os demais modelos, mas vemos uma tendência positiva”, disse Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea.

Freitas destacou que o setor de caminhões está muito atrelado ao desempenho do PIB e este ano está crescendo 3%, puxando a economia e estimulando a aquisição de caminhões. “Tivemos em 2023 muito desafios com queda nas vendas em decorrência da introdução da fase do P8 do Proconve. Então, existe uma acomodação em relação às demandas que não aconteceram no ano passado e estão vindo neste ano.”

No ranking de vendas de janeiro a outubro de 2024 a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 26.321 caminhões emplacados, 19,31% superior ao mesmo período do ano passado (22.054 unidades), e o segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 20.956 veículos comercializados no país, aumento de 11,2% em relação aos dez meses de 2023 (18.847 unidades).

A Volvo ficou em terceiro lugar com 18.734 veículos vendidos até outubro, 17,4% acima do mesmo período de 2023 (15.959 unidades), e a Scania em quarto com 15.882 veículos, 64,4% superior a janeiro e outubro de 2023 (9.658 unidades).

A DAF, quinta colocada, vendeu 8.050 caminhões, 19,5% a mais do que nos dez meses de 2023 (6.739 unidades) e a Iveco, que está em sexto lugar, comercializou 7.200 caminhões, redução de 10,5% sobre o mesmo período do ano passado (8.044 unidades).

Produção

A produção de caminhões chegou a 117.403 unidades de janeiro a outubro de 2024, com aumento de 42,8% em relação aos 82.243 veículos produzidos nos dez meses de 2023. “Apesar do crescimento, o setor ainda está aquém de 2021 e 2022, quando o volume era de 132 mil unidades, o que demostra para a Anfavea e para o segmento que existe potencial de crescimento que o setor ainda não contabilizou”, disse Freitas. O vice-presidente da Anfavea destacou que a preocupação do momento é com as taxas de juros, pois os caminhões dependem de financiamento. “Então, a retomada é clara quando comparamos com 2023, porém a perspectiva de uma melhora vai depender das condições de mercado e de financiamento.”

Do total de caminhões produzidos de janeiro a outubro deste ano, 67.559 unidades são de modelos pesados, 31.188 semipesados, 15.053 leves, 2.958 médios e 645 semileves.

Exportações

As exportações de caminhões tiveram bom desempenho em outubro, com 2.148 veículos, o que representou um crescimento de 25,7% em relação a setembro deste ano (1.709 unidades) e de 16,8% sobre outubro de 2023 (1.839 unidades). Mas, no acumulado de janeiro a outubro teve queda de 3,1%, com 13.864 veículos comercializados no exterior, ante as 14.306 unidades nos dez meses de 2023.

Os caminhões pesados lideraram os embarques com 8.024 unidades, seguido dos semipesados com 4.029 unidades e os leves com 1.328 unidades. De modelos médios foram exportados 269 veículos e de semileves 214.

Fenatran

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, destacou a pujança do setor de caminhões com mais de 5,1 milhões de veículos produzidos desde 1957 e mais de 700 mil modelos exportados desde 1965.

Com uma frota circulante de mais de 2,1 milhões de veículos, este setor tem 64,9% de participação no total do transporte. E, desde 1957 foram vendidos mais de 4,5 milhões de caminhões no país, tendo as locadoras 10,5% de participação nas vendas de caminhões em 2023.

“A Fenatran deste ano é a maior da história, com mais de 600 expositores e a expectativa de que sejam gerados mais de 15% de negócios neste evento. É uma das maiores feiras de veículos comerciais do mundo destacando muita tecnologia, conectividade, conforto, além da pegada da descarbonização.”

O interessante desta Fenatran, segundo Freitas, é a estratégia multienergética que o Brasil caminha, aproveitando todo o potencial que o país oferece com uso do etanol, biodiesel, hidrogênio e a hibridização, o que demonstra a capacidade da engenharia brasileira. “Tudo isso em sintonia com todo o potencial do país em relação à diversidade energética e a capacidade de ser criativo. Outro destaque do segmento de pesados é o avanço em conectividade, os caminhões estão cada vez mais tecnológico e estão oferecendo muito inteligência e muita informação. Na Fenatran será possível ver uma transformação do ponto de vista de conectividade e gestão de frota, que se traduz em eficiência operacional e competitividade para a economia brasileira, além do conforto dos veículos.”

Rotas tecnológicas para a descarbonização

O presidente da Anfavea comentou que a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos não causa preocupação ao Brasil. “Trump tem como característica o protecionismo da indústria americana com a criação de barreiras para as importações. Não teremos um impacto relevante. Provavelmente alguma mudança na questão das rotas tecnológicas para a descarbonização. Isso a Anfavea vai acompanhar com atenção porque tudo que vinha sendo discutido e como política colocada pelo governo americano pode passar por uma revisão pelo fato de o presidente Trump ter um posicionamento diferente em relação as essas questões.”

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