Sem recursos, governo ainda não tem previsão para lançar programa de renovação de frota no Brasil

Na abertura da Fenatran, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, informou que o governo está em busca de fontes de financiamento para implementar uma iniciativa permanente no pais

Aline Feltrin

O vice-presidente da República e titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, anunciou na tarde desta segunda-feira (4), durante a abertura da Fenatran 2024, o maior evento de transporte de carga da América Latina, que o governo federal está em busca de recursos para implementar um programa permanente de renovação da frota de caminhões no Brasil.

Alckmin destacou que a Medida Provisória de 2023, voltada para a renovação da frota, foi um passo positivo, mas é fundamental garantir sua continuidade. “Foram mais de R$ 100 mil em crédito, mas precisamos transformar essa iniciativa em algo duradouro. Para isso, é essencial contar com recursos financeiros”, acrescentou.

Durante a cerimônia, representantes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), da Associação Nacional do Transporte de Carga & Logística (NTC) e outras entidades reforçaram a urgência de implementar um programa permanente de renovação da frota.

O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, ressaltou que a indústria de caminhões tem liderado o desenvolvimento de tecnologias para reduzir as emissões de poluentes, mas enfatizou que isso não é suficiente. “Um programa de renovação de frota é vital para garantir o sucesso da descarbonização no Brasil.”

Por sua vez, Eduardo Rebuzzi, presidente da NTC, destacou que a idade média da frota das empresas ultrapassa 15 anos, enquanto os caminhões de autônomos têm em média 22 anos. Ele defendeu a criação de um programa permanente que não apenas incentive a aquisição de caminhões novos, mas também promova a retirada de circulação dos modelos mais antigos.

Rebuzzi mencionou um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que mostrou que os veículos pesados novos reduzem, em média, 98,3% das emissões de material particulado — responsável pela fumaça preta e por doenças respiratórias — em comparação aos veículos fabricados até 1999, que pertencem à fase P2 do Proconve.

O estudo também indica que o investimento necessário para modernizar a frota de veículos pesados e adequá-la aos padrões ambientais mais recentes é significativo. Para substituir todos os veículos fabricados até a fase P7 — que representam 95,1% da frota nacional — por modelos da fase P8, será necessário um investimento estimado em R$ 1,16 trilhão.

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