Brasil precisa investir na malha ferroviária para reduzir dependência do transporte rodoviário, diz estudo

Apesar da urgência por investimentos, a expansão ferroviária no Brasil é lenta. Com cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias, menos da metade está em operação efetiva

Se quiser diminuir a dependência do setor rodoviário até 2035, o Brasil precisará transformar a sua matriz de transporte. Essa é a conclusão de um estudo da Plataforma de Infraestrutura em Logística e Transportes (Pilt), da Fundação Dom Cabral,

Redação

Se quiser diminuir a dependência do setor rodoviário até 2035, o Brasil precisará transformar a sua matriz de transporte. Essa é a conclusão de um estudo da Plataforma de Infraestrutura em Logística e Transportes (Pilt), da Fundação Dom Cabral, apresentado recentemente em um evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em Nova York.

Desenvolvido ao longo de quase uma década, o Pilt analisa dados sobre volumes de transporte em diversas fontes, oferecendo projeções confiáveis sobre o futuro do setor. O coordenador do projeto, professor Paulo Resende, destacou a urgência de decisões de investimento para melhorar a qualidade e a oferta de serviços, além de alinhar a infraestrutura às inovações tecnológicas. “É imperativo investir”, afirmou Resende.

O estudo delineia três cenários até 2035. O primeiro considera a malha ferroviária atual sem novos investimentos. O segundo, denominado RF1, incorpora investimentos já contratados para a expansão de 3,3 mil quilômetros de ferrovias. O terceiro, RF2, requer a construção de 12,5 mil quilômetros de novas ferrovias, um desafio considerável, uma vez que muitos projetos ainda estão paralisados.

Caso a expansão proposta no cenário RF2 seja realizada, o volume de carga transportada no Brasil poderá aumentar expressivamente. O crescimento anual estimado sem novos investimentos é de 1,89%. Com a implementação da RF1, esse número subiria para 1,93%, enquanto o RF2 poderia resultar em um crescimento de 2,16%.

Impactos dos diversos cenários

Os impactos dos diferentes cenários na estrutura de transporte são significativos. Enquanto o RF1 apenas marginalmente altera as rotas, o RF2 tem potencial para redesenhar o mapa logístico, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. No cenário RF1, a participação do transporte rodoviário cairia de 58% para 57% até 2035. No RF2, as ferrovias passariam a representar 33,8% do total, ainda abaixo da meta de 40%.

No setor agrícola, a situação é ainda mais relevante: atualmente, 65% da produção agrícola é transportada por caminhões, mas no cenário RF2 essa cifra poderia diminuir para 41,8%, com as ferrovias transportando 51,4% da produção.

Apesar da urgência por investimentos, a expansão ferroviária no Brasil é lenta. Com cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias, menos da metade está em operação efetiva. O governo atual propõe um modelo de Parcerias Público-Privadas (PPPs) para atrair investimentos, mas os detalhes ainda estão em discussão.

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