Nostalgia do transporte: Há 49 anos, a Kibon começava a usar o computador para gerenciar a frota

Em 1975, o uso de computadores estava começando no transporte brasileiro. A maior fabricante de sorvetes do país na época, encontrava naquela tecnologia uma forma mais eficaz de  traçar  roteiros  de  entrega  capazes de minimizar  os  custos  de  distribuição  e reduzir  o  trabalho da  frota

Aline Feltrin

Atualmente, a inteligência artificial, torres de controle e diversas outras soluções se destacam como inovações indispensáveis para aprimorar a eficiência na gestão de frotas. No entanto, há 49 anos, essa realidade parecia distante do cenário logístico de distribuição. Naquele tempo, embarcadores e transportadoras mal podiam imaginar que a tecnologia evoluiria a esse ponto.

Na edição nº 139 da revista Transporte Moderno, publicada em junho de 1975, sob a direção da editora Abril, uma reportagem de capa abordava a trajetória da Kibon, a maior fabricante de sorvetes do Brasil na época. A matéria explorava a busca da empresa por uma maneira mais eficaz de planejar suas entregas, que não dependesse do conhecimento de um especialista em logística capaz de navegar pelas complexidades das ruas de São Paulo — como barreiras naturais e vias de mão única — e que organizasse cerca de 2.000 entregas diárias. O objetivo era otimizar os trajetos de cada veículo, distribuindo um produto amplamente aceito de maneira racional e considerando as áreas de maior consumo.

Investimento compensador

A solução encontrada foi delegar essa tarefa desafiadora ao computador. Conforme relatado, desde 1972, após dois anos de estudos, a programação das 1.500 entregas diárias passou a ser gerada diretamente pela impressora de um IBM/370-125, indo diretamente para os motoristas.

O computador utilizava um programa especial da IBM, o Vehicle Scheduling Program Extended (VPSX), que possuía um arquivo abrangente de distâncias, tempos de percurso e condições de tráfego. Esse sistema classificava os trajetos entre dois pontos de acordo com as economias de tempo, minimizando tanto a duração total dos percursos quanto o número de veículos necessários.

O controller da empresa, Peter Schreer, afirmou à Transporte Moderno, à época, que o investimento no programa foi altamente compensador. “Embora a frota não tenha sido reduzida, seu crescimento foi consideravelmente menor do que os 40% de aumento nas vendas que ocorreram após a implementação do sistema.”

Além disso, a empresa observou uma redução significativa nos quilômetros percorridos pela frota. “Hoje, nossos veículos rodam 25% a menos. Durante o verão, a capacidade de utilização da frota chegava a 95%.” A rotina de trabalho também foi racionalizada. “Agora, recebemos pedidos até as 18h. Das 18h às 23h, fazemos o processamento. Os relatórios seguem para a expedição e, à meia-noite, já iniciamos o carregamento dos veículos”, contou o executivo para a reportagem publicada há 49 anos.

Para ler a reportagem completa, acesse a edição nº 139 de 1975 no acervo da OTM Editora. (clique aqui).

Veja também