Dados da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), obtidos junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF), mostram um crescimento de 134% nas infrações relacionadas à velocidade excessiva durante o primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apesar da redução geral de 37,2% no número total de infrações registradas, que caiu de 3.911.780 para 2.456.752, a diminuição não refletiu uma melhoria no comportamento dos motoristas. O médico especialista em Tráfego e diretor científico da Ammetra, Alysson Coimbra, observa que a queda nas infrações não resultou em uma diminuição nos acidentes e fatalidades. “Houve um aumento de 9% no número de mortos, totalizando 2.908, e um aumento de 8% no número de feridos, que chegou a 40.518”, revela Coimbra.
O aumento substancial nas infrações por excesso de velocidade, que representa 97% do total registrado, levanta sérias preocupações. “A velocidade excessiva é um fator crucial em muitos acidentes graves e fatais. A redução geral nas infrações não deve encobrir o fato de que muitos motoristas continuam dirigindo de maneira imprudente”, alerta o especialista.
Além disso, o comportamento dos motoristas está piorando em outras áreas. A infração por não usar o cinto de segurança, que havia mostrado sinais de melhora nos últimos anos, aumentou em 39% no primeiro semestre de 2024. Atualmente, é a quinta infração mais comum.
“Esse aumento é alarmante e demonstra uma falta de conscientização sobre a importância do cinto de segurança, uma questão que acreditávamos já estar solidamente entendida pelos brasileiros. Isso coloca em risco a vida de motoristas e passageiros”, enfatiza Coimbra.
Os dados evidenciam uma possível falha na fiscalização e na aplicação das leis de trânsito. Coimbra critica a abordagem atual e defende uma estratégia mais abrangente para melhorar a segurança viária. “É necessário um enfoque multifatorial que inclua educação, fiscalização rigorosa, leis mais severas e políticas públicas eficazes para enfrentar os desafios da segurança no trânsito”, conclui o especialista.
As 10 principais infrações registradas de janeiro a junho de 2024
- Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20%: 2.060.579 infrações
- Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50%: 340.857 infrações
- Ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos opostos, contínua amarela: 120.005 infrações
- Conduzir veículo não licenciado: 94.549 infrações
- Deixar de usar o cinto de segurança: 77.795 infrações
- Conduzir veículo em mau estado de conservação: 73.085 infrações
- Desobedecer às ordens da autoridade de trânsito: 65.939 infrações
- Conduzir veículo com sistema de iluminação e sinalização alterados: 64.905 infrações
- Equipamento obrigatório em desacordo com o Contran: 60.833 infrações
- Dirigir sem CNH: 57.570 infrações
Fonte: Polícia Rodoviária Federal (PRF)