O roubo de carga continua a ser um dos principais pesadelos para o setor de transporte de carga rodoviário no Brasil, sobretudo para os caminhoneiros. Conforme pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Transportadores Autônomos (CNTA) nesta terça-feira (13), 46% dos mais de mil motoristas profissionais entrevistados alegaram terem sido vítimas desse tipo de crime.
O estudo de 2024, que aborda a realidade do transportador autônomo, consultou caminhoneiros nas cinco regiões do Brasil e foi apresentado em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados pela Comissão de Viação e Transportes. Dos motoristas que já foram assaltados, 9% relataram terem passado por essa situação três vezes ou mais e 13% foram assaltados duas vezes.
A pesquisa revelou também que 50% dos caminhoneiros nunca se sentem seguros nas estradas e 34% raramente. Com relação as tecnologias que contribuem para aprimorar a segurança, 82% dos profissionais ouvidos dirigem caminhões com rastreador e 83% possuem algum tipo de seguro.
Perfil do caminhoneiro
A pesquisa de 2024 mostrou também que o perfil do motorista de caminhão no Brasil é majoritariamente composto por homens, com idades entre 36 e 55 anos. A maioria desses profissionais é casada, tem filhos e possui educação até o ensino médio. Além disso, grande parte dos caminhoneiros é originária de São Paulo, o estado onde essa profissão é mais exercida.
Com relação a saúde, apenas metade desses motoristas realiza exames anuais. Cerca de 47% relatam ter alguma doença, mas somente 31% tomam medicamentos regularmente. Pouco mais da metade considera sua condição física como boa ou ótima. Por fim, aproximadamente dois em cada oito já usaram rebites para dirigir.
Em linhas gerais, os caminhoneiros têm, em média, 17 anos de experiência e conseguem fretes diretamente com embarcadores e agentes de carga. A remuneração mensal líquida desses profissionais é de R$10 mil.
Outras conclusões
A pesquisa é uma iniciativa da CNTA para traçar o perfil do caminhoneiro autônomo no Brasil, com o objetivo de subsidiar a criação de políticas públicas para categoria. Para isso, o estudo abordou aspectos como perfil social, profissão, segurança, saúde, legislação e veículo
Os profissionais entrevistados de forma presencial em locais de grande concentração, como pontos de parada e descanso, postos de combustíveis, centrais de abastecimento e áreas portuárias, em estados das cinco regiões do Brasil. A pesquisa por amostra foi realizada por uma empresa especializada.
Conforme o presidente da CNTA, Diumar Bueno, o objetivo principal é ‘lançar luz’ sobre as realidades enfrentadas pelos caminhoneiros autônomos, uma vez que não existiam estudos focados exclusivamente para esses profissionais. “Acredito que os dados revelados servirão de base para o desenvolvimento de políticas públicas e privadas que visem melhorar as condições de trabalho, saúde e segurança da categoria.”
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