Scania trabalha para se habilitar no Mover

A empresa avalia que a nova política industrial tem proposta em linha com as novidades que está trazendo ao país em tecnologias, descarbonização, combustíveis alternativos, além do investimento na eletrificação

A Scania é mais uma montadora de caminhões e ônibus que pretende se habilitar no programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que estimula novas rotas tecnológicas e aumenta as exigências de descarbonização da frota automotiva brasileira. Até o momento, estão habilitadas no programa a Iveco, Mercedes-Benz e a Volkswagen Caminhões e Ônibus. 

Sonia Moraes

A Scania é mais uma montadora de caminhões e ônibus que pretende se habilitar no programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), que estimula novas rotas tecnológicas e aumenta as exigências de descarbonização da frota automotiva brasileira. Até o momento, estão habilitadas no programa a Iveco, Mercedes-Benz e a Volkswagen Caminhões e Ônibus. 

“Esperamos que o programa seja aprovado pelo presidente como ele está redigido, e a Scania pretende participar do Mover, pois tem uma proposta muito em linha com as novidades que a empresa está trazendo ao país em tecnologias, descarbonização, combustíveis alternativos, além do investimento na eletrificação”, comentou o vice-presidente de vendas e marketing da Scania Latin America, Paulo Moraes, durante o evento de apresentação do novo ônibus elétrico da marca, realizado na segunda-feira (24), na fábrica de São Bernado do Campo, no ABC paulista.

Na última sexta feira (21), a empresa anunciou que está investindo R$ 60 milhões para começar a preparar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para produzir chassis de ônibus elétricos, montante que faz parte dos R$ 2 bilhões que a empresa vai destinar ao Brasil no período de 2025 a 2028, em continuidade ao seu programa de investimentos, que totalizou R$ 2,6 bilhões de 2016 a 2020, e R$ 1,4 bilhão de 2021 a 2024.

Sobre o impacto que a nova política industrial trará para a indústria automobilística, o vice-presidente de vendas da Scania afirmou que uma iniciativa governamental como essa é extremamente importante para promover uma jornada de melhorias, de novas tecnologias e de empregabilidade, fomentando a indústria nacional e reconhecendo as empresas que estão investindo aqui há tanto tempo. “Sabemos que as alianças e diversas forças são importantes para fazer as mudanças que queremos”, comentou.

Moraes disse que o Mover está muito em linha com que a Scania se propõe a fazer. “A empresa vê esse programa com bons olhos e sempre faz a sua parte. A política pública é muito importante e faz todo sentido o que estamos trazendo de tecnologia e investimento.”

As regras do Mover

A Medida Provisória nº 1.205 publicada em 30 de dezembro de 2023, que criou o Mover, amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística, expandindo o antigo Rota 2030. O novo programa idealizado pelo MDIC vai promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluir limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrar menor imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde.

Para que as empresas invistam em descarbonização e se enquadrem nos requisitos obrigatórios do programa haverá um incentivo de R$ 3,5 bilhões em 2024, de R$ 3,8 bilhões em 2025, de R$ 3,9 bilhões em 2026, de R$ 4 bilhões em 2027 e de R$ 4,1 bilhões em 2028, que serão convertidos em créditos financeiros, totalizando R$ 19,3 bilhões em créditos concedidos à indústria automotiva e de autopeças. No Rota 2030, o incentivo médio anual até 2022 foi de R$ 1,7 bilhão.

O Mover oferece avanços em relação ao Inovar Auto e ao Rota 2030 e tem como meta reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030, estabelecendo requisitos mínimos para que os veículos saiam das fábricas mais econômicos, mais seguros e menos poluentes.

Entre os avanços está a sua definição como programa de “Mobilidade e Logística Sustentável de Baixo Carbono”, proporcionando a inclusão de todas as modalidades de veículos capazes de reduzir danos ambientais. Também há o aumento dos requisitos obrigatórios de sustentabilidade para os veículos comercializados no país, como a medição das emissões de carbono ‘do poço à roda’, considerando todo o ciclo da fonte de energia utilizada.

No caso do etanol, as emissões serão medidas desde a plantação da cana até a queima do combustível, passando pela colheita, pelo processamento e pelo transporte entre outras etapas. O mesmo será aplicado para as demais fontes propulsoras, como a bateria elétrica, a gasolina e o biocombustível.

O novo programa prevê, no médio prazo, uma medição ainda mais ampla, conhecida como ‘do berço ao túmulo’, que valerá a partir de 2027 e abrangerá a pegada de carbono de todos os componentes e de todas as etapas de produção, uso e descarte do veículo.

Investimentos em pesquisa e desenvolvimento

O novo programa nacional concederá incentivos fiscais em proporção aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, com dispêndio mínimo entre 0,3% e 0,6% da Receita Operacional Bruta por ano, e cada real investido dará direito a créditos financeiros entre R$ 0,50 e R$ 3,20. Esses créditos poderão ser usados para abatimento de quaisquer tributos administrados pela Receita Federal no Brasil.

A Medida Provisória do Mover cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), a ser instituído e gerenciado pelo BNDES, sob a coordenação do MDIC.

A expectativa é de que os investimentos nesses programas alcancem entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões por ano. No Rota 2030, o investimento médio foi de R$ 200 milhões por ano e eram administrados por cinco entidades: Senai, Embrapii, Finep, Fundesp e BNDES.

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