Riscos de acidentes em rodovias públicas são três vezes maiores

Um levantamento da Fundação Dom Cabral mostrou que dos 65.176 acidentes que ocorreram no ano passado, 34.650 foram em rodovias sob gestão pública e 30.526 em estradas sob concessão

Um estudo da Fundação Dom Cabral mostrou que os riscos de acidentes severos em rodovias públicas são três vezes maiores na comparação com as concedidas. O levantamento realizado pela instituição levou em conta dados da Polícia Rodoviária Federal de 2023.

Aline Feltrin

Um estudo da Fundação Dom Cabral mostrou que os riscos de acidentes severos em rodovias públicas são três vezes maiores na comparação com as concedidas. O levantamento realizado pela instituição levou em conta dados da Polícia Rodoviária Federal de 2023. Dos 65.176 acidentes que ocorreram no ano passado, 34.650 foram em rodovias sob gestão pública e 30.526 em estradas sob concessão.

Contudo, o panorama dos últimos seis anos aponta aumento relevante no número de acidentes de trânsito em rodovias concedidas, acompanhado pelo crescimento das taxas de acidente e de severidade. Por outro lado, nas rodovias sob gestão pública, observou-se uma tendência oposta, com uma redução no número de acidentes. Conforme o estudo, em 2018, as rodovias concedidas registraram 28.845 acidentes, enquanto em 2023 esse número aumentou para 30.526, representando um aumento de 5,8%. Por outro lado, na malha sob gestão pública, os acidentes diminuíram de 36.880 para 34.650 no mesmo período, o que refletiu uma queda de 6%.

O professor associado da Fundação Dom Cabral e coordenador da pesquisa, Ramon Cesar, explicou ao portal Transporte Moderno que isso reflete o fato de muitas concessões serem recentes, nos últimos dois anos, por isso não houve tempo hábil para as concessionárias realizarem melhorias significativas em nas rodovias recém-adquiridas.

Mais fôlego para investir

Na visão do professor, a expansão de concessões de rodovias no país pode ajudar a proporcionar mais investimentos em melhorias de infraestrutura e, assim, aumentar a segurança em estradas com altos índices de periculosidade, mas a privatização de toda a extensão não é viável. “Não são todas as rodovias que são atrativas economicamente para investimentos privados.”

Contudo, à medida em que o Brasil avança em números de rodovias privatizadas, o governo ganha mais fôlego financeiro para aprimorar a infraestrutura das rodovias públicas. “Há uma diminuição no volume de trechos administrados e, portanto, uma sobra no capital para promover melhorias.”

De acordo com  Ramon, além do investimento em infraestrutura, é necessário que haja mais fiscalização e esforços para uma melhor educação no trânsito.

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