Aline Feltrin
Caminhões carregados com compras feitas por comércio eletrônico se tornaram um dos principais alvos de quadrilhas de roubo de carga no primeiro trimestre deste ano. A informação é do centro de inteligência da Overhaul, especializada em gerenciamento de riscos. Conforme o levantamento, 23% das ocorrências em todo o país tiveram como alvo o transporte de mercadorias compradas em lojas virtuais. O gerente de inteligência, Reginaldo Catarino, diz que a estatística mostra como o aumento das compras pela internet no Brasil consequentemente elevou a exposição das cargas nas operações de transferência e distribuição.
Embora cargas do comércio eletrônico tenham ganhado destaque no período, os caminhões com produtos diversos como alimentos e bebidas, tabaco e peças de veículos estão na lista de carregamentos mais roubados. Entre as cargas mais visadas pelas quadrilhas que atuam no Brasil, segundo o relatório da Overhaul, estão os caminhões com carregamentos diversos, ou cargas “miscelâneas”, com 44% das ocorrências. Em seguida, estão as cargas agrícolas, como sementes e agrotóxicos (12%); eletroeletrônicos (11%); tabaco e alimentos e bebidas (7%); veículos e autopeças (6%); e bebidas alcoólicas (3%). Conforme o executivo da Overhaul, “a escolha dos criminosos por alguns itens está ligada à facilidade de abordagem e comercialização das mercadorias junto aos receptadores de cargas roubadas”.
Menor registro para o trimestre desde 2021
De janeiro a março deste ano foram registrados 3.639 roubos de cargas. Isso representa uma média de 1.213 casos por mês. Das ocorrências totais, 93.86% foram violentas. Apesar de os números permanecerem altos, o estudo indica que este é o menor registro de roubos de cargas no primeiro trimestre no país desde 2021, quando atingiu 4.104 ocorrências – em 2022, foram 4.177, sendo o recorde em 2023, com 4.585.
Os índices gerais de roubo e furtos de cargas no país estão mais baixos, todavia, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, registraram aumento nas ocorrências. As notificações nos três estados correspondem a 86% do total do país. Na comparação entre 2023 e o primeiro trimestre de 2024, a porcentagem de casos se manteve estável em São Paulo, em 44%. Por outro lado, no Rio de Janeiro, subiu de 27% para 35%, e em Minas Gerais de 4% para 7%. Enquanto a Região Sudeste impulsionou os números e tiveram crescimento de eventos, as demais partes do país tiveram queda contribuindo para a porcentagem geral do país, conforme a Overhaul.
A maioria das ações (59%) é realizada em ruas das cidades, 38% em rodovias e 3% em armazéns e centros de distribuição. Os dias e horários preferidos são terça, quarta e quinta-feira, entre 06h e 18h. O Departamento de Inteligência da Overhaul faz o acompanhamento diário de casos registrados em diversos países, incluindo o Brasil, e a empresa compara as informações oficiais divulgadas pelos órgãos oficiais como Secretarias de Segurança e Polícias Rodoviárias dos 26 Estados e do Distrito Federal com dados de empresas de segurança, transportes e tecnologia de inteligência de dados.
Prevenção é essencial
Conforme a Overhaul, além do uso da tecnologia a bordo dos veículos, a contratação de profissionais qualificados é essencial para coibir esse tipo de crime. Assim, as empresas que operam o transporte e armazenagem de cargas devem apostar em especialistas em gestão de riscos da cadeia de suprimentos, uma vez que são estes que planejam e organizam ativamente as viagens.
A Overhaul ainda recomenda um planejamento organizado das rotas de transporte. Isso inclui pontos de paradas seguros e frotas com tecnologia de rastreamento. Assim como a adoção de múltiplas camadas de proteção que precisam ser estrategicamente identificadas e empregadas para cada operação.
Conforme a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), o setor acompanha de perto a situação do roubo de carga há mais de 25 anos. As ações de combate ao crime têm ajudado a diminuir o número de ocorrências. De acordo com a associação, nos últimos seis anos, houve redução gradual. Porém, a situação ainda é preocupante.
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