Sonia Moraes
A Iveco, que também está habilitada no programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), pretende impulsionar o desenvolvimento de novos veículos nos próximos anos com os incentivos da nova política industrial. Em 2022, a montadora iniciou um ciclo de investimentos de R$ 1 bilhão que está programado até 2025 e renovou toda a linha de produtos, com destaque para o lançamento do caminhão pesado S-Way. “Temos investido fortemente em novas tecnologias e somos o único player a oferecer diversas soluções de propulsão no mercado. Nosso caminhão pesado a gás está sendo muito bem aceito pelos nossos clientes e em breve teremos novidades no segmento de eletrificados”, revela o diretor de relações institucionais do Iveco Group para a América Latina, Eduardo Freitas, em entrevista para o portal Transporte Moderno.
Freitas afirma que a nova política industrial trará previsibilidade e atratividade para investimentos no setor nos campos da inovação e da produção local de novas tecnologias, ao mesmo tempo em que estimulará a modernização da infraestrutura logística do país. “O Mover traz oportunidades e desafios para o setor, e é sem dúvida uma das peças-chave no processo de descarbonização do segmento no país e estamos acompanhando de perto a evolução do programa, junto com a Anfavea e o governo.”
De acordo com o executivo, o Mover já está gerando um impacto muito positivo na indústria automotiva, que deve injetar mais de R$ 100 bilhões de investimentos no setor, segundo Freitas. “Se considerados os créditos financeiros do programa, limitados a cerca de R$ 19,3 bilhões ao longo de cinco anos para todo o setor, o efeito multiplicador do programa já é de cinco vezes o valor dos benefícios”, compara.
Indústria competitiva
“Além da previsibilidade que traz para a economia, o programa permitirá o desenvolvimento da engenharia no Brasil. Isso significa a geração de conhecimento e inovação localmente. Arrisco dizer que o Mover, se bem regulamentado e se acompanhado de outras políticas importantes como a reforma tributária, poderá levar a indústria automotiva brasileira a um novo patamar”, destaca o diretor. Freitas salienta que, para a indústria automobilística ser competitiva aqui e fora do Brasil, é fundamental ter uma cadeia de fornecedores forte. “Portanto, a localização de componentes deve ser vista de forma estratégica tanto para as tecnologias atuais quanto para as novas soluções energéticas. Entretanto, para que esses investimentos se materializem, o Mover é importantíssimo, mas não suficiente.”
Ele avalia que é preciso de uma política de renovação de frota sistêmica que crie condições para a substituição de caminhões velhos por mais novos, com menor emissão e mais segurança para todos. “Precisamos também de uma política de crédito mais competitiva. Os Estados Unidos estão aportando mais de US$ 360 bilhões por meio do Inflation Reduction Act, a União Européia outros US$ 300 bilhões pelo European Green Deal, a China mais de US$ 280 bilhões e o Japão US$ 145 bilhões.”
Parcerias e soluções
Em relação aos planos da Iveco na área de pesquisa e desenvolvimento, Freitas afirma que a empresa vai continuar investindo no desenvolvimento de tecnologias localmente, através do seu centro de desenvolvimento de produto de Sete Lagoas. “Vamos também seguir com nossa estratégia de parcerias com universidades e institutos de pesquisa no Brasil, algo que está no nosso DNA desde que chegamos a
Minas Gerais. E continuar investindo em soluções multienergéticas, entregando o melhor valor possível para nosso cliente aqui no Brasil. Há um potencial enorme para soluções com biometano, gás natural, biocombustíveis, eletrificação e hidrogênio.”
Neste momento de transição energética para chegar ao veículo elétrico o essencial neste processo, segundo Freitas, é aliar sustentabilidade e rentabilidade. “Isso contempla entregar ao cliente autonomia, infraestrutura, estabilidade operacional, qualidade e custos competitivos.”
Sobre o avanço do veículo elétrico no Brasil, o diretor do Iveco Group comenta que o setor de transporte de cargas é diverso e, por esse motivo, demandará soluções distintas para aplicações diversas. “A Iveco aposta em um cenário multienergético. Dependendo da missão do transporte de cargas, oferecemos a solução mais adequada por meio do nosso portfólio verde”, diz Freitas.
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