Cabotagem avança 2,98% nos primeiros três meses do ano

Conforme professor da Fundação Dom Cabral, nos últimos anos, tem-se observado aumento na diversificação dos tipos de cargas transportadas por cabotagem. Alguns exemplos são os aparelhos eletrônicos e medicamentos

Aline Feltrin

A movimentação de cargas de longo curso ganhou destaque nos portos brasileiros nos três primeiros meses do ano, revelam dados divulgados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Segundo o relatório, foram movimentadas 210,1 milhões de toneladas de cargas nesse período, representando um crescimento de 7,32% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Neste contexto, o segmento da cabotagem também registrou avanços significativos, com um aumento de 2,98%, totalizando uma movimentação de 72,7 milhões de toneladas. Destaca-se ainda o incremento de 25,06% na cabotagem por contêineres, indicando uma tendência de crescimento nesse modal.

Para o professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, a cabotagem apresenta um vasto potencial de crescimento no Brasil, dada a extensão continental do país, com seus 8 mil quilômetros de costa. “Não apenas é uma via natural, mas também uma das mais eficientes e sustentáveis”, comenta Resende.

Além disso, desempenha um papel crucial na integração das economias regionais, como observado no caso do Rio Grande do Sul, onde, por exemplo, o transporte de arroz via cabotagem é fundamental para o abastecimento das regiões Norte e Nordeste. “Ela possui essa característica de integração regional”, ressalta o professor.

Diversificação de cargas

Conforme o professor, nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo na diversificação dos tipos de cargas transportadas por cabotagem. Alguns exemplos são os aparelhos eletrônicos, medicamentos, biocombustíveis e transporte de grãos. “A cabotagem tem se mostrado um modal versátil e promissor.”

Apesar dos avanços recentes, a navegação costeira enfrentou décadas de negligência devido às políticas que favoreciam predominantemente os modais terrestres. “É importante lembrar que a cabotagem foi responsável pela continuidade do território nacional e integração do nosso território, principalmente na costa atlântica”, destaca Resende.

Na visão de Resende, diante disso, torna-se imperativo adotar novas políticas que destaquem a importância estratégica da cabotagem, garantindo sua competitividade frente ao transporte internacional marítimo. “Um plano nacional de política portuária que priorize a cabotagem é essencial para impulsionar ainda mais esse modal e integrá-lo de forma eficaz à matriz de transporte brasileira”, finaliza

LEIA MAIS

Sem investimentos, cabotagem representará 3% do transporte em 2035, diz estudo

Veja também