Aline Feltrin
O Governo Federal e a Anfavea, associação que representa as fabricantes de veículos automotores no Brasil, criaram um grupo para discutir a retomada do programa de renovação de frota de veículos pesados no Brasil. A informação foi dada pelo presidente da associação, Marcio de Lima Leite, ao portal Transporte Moderno, durante a inauguração da nova sede da entidade, na última sexta-feira (12).
Lima contou que o governo entendeu que não faz sentido ter o Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) para estimular a indústria sem o respaldo de uma iniciativa efetiva de renovação de frota, tanto para veículos leves como para caminhões e ônibus. Segundo Lima, um programa de renovação de frota é fundamental para a descarbonização.
“Inclusive, essa necessidade da retomada do programa foi dita para o presidente Lula, para o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda Fernando Haddad hoje”, revelou. Lima se referiu a uma reunião a portas fechadas realizada entre a entidade e o governo antes do início da cerimônia de inauguração da nova sede da Anfavea.
Tentativas anteriores
O presidente da associação acredita que, desta vez, haverá evolução no programa de renovação de frota, mesmo com a necessidade de subsídios bastante expressivos. “Sabemos que o cobertor é curto, mas com criatividade tem como fazer sim.”
Em fevereiro deste ano o Governo Federal havia informado que estudava um programa efetivo de renovação de frota. O obejtivo seria reduzir o custo do frete, no caso de caminhões. Seja como for, antes, em 2022, o país teve o programa Renovar que cujo objetivo era tirar de circulação veículos pesados com mais de 20 anos de circulação, mas a iniciativa não foi para frente.
Outra iniciativa para a renovação da frota que não apresentou resultados expressivos foi a Medida Provisória 1175/23, que liberou créditos federais para descontos na compra de caminhões e ônibus 0-km. Contudo, a indústria usou apenas uma pequena parte dos recursos. A MP criou um sistema de descontos subsidiado pelo Governo. O programa para caminhões consistia em uma injeção de R$ 700 milhões para caminhões. Para ônibus, o montante foi de R$ 300 milhões. Ou seja, um total de R$ 1 bilhão.
A estimativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), desde a publicação da MP à época, é que o governo liberou apenas R$ 130 milhões em créditos para caminhões. Por outro lado, para os ônibus, o valor foi de R$ 190 milhões.
A Anfavea informou na época que aproximadamente 400 caminhões foram vendidos com desconto. Ou seja, faltou a utilização de aproximadamente R$ 700 milhões.