Aline Feltrin
Embora ainda pequeno, o mercado de locação de caminhões no Brasil expandiu rapidamente em 2023. Um termomêtro para medir a temperatura da demanda por aluguel é a recente compra de 176 caminhões Mercedes-Benz Actros feita pela locadora Addiante, joint-venture entre Randon e Gerdau criada em 2022.
Os veículos que acabaram de ser entregues se juntam à frota de mais de 250 cavalos-mecânicos Actros que já haviam sido comprados pela empresa. E fazem parte da encomenda feita em 2022 pela companhia na concessionária Savana, em Curitiba, no Paraná.
A Addiante já contabiliza 1.200 ativos alugados em 2023. Em entrevista para a revista Transporte Moderno, o CEO da empresa, Fábio Leite, revelou que, desse montante, 70% são carretas, 25% caminhões e 5% máquinas.
A locação da Addiante nasceu com a meta de iniciar com a ofertas de implementos rodoviários. A ideia era, somente em um segundo momento, passar a locar caminhões e máquinas. No entanto, a aceitação da marca pelo mercado fez os planos serem antecipados. “Conseguimos entrar nesses segmentos logo no primeiro ano”, relembra.
Conforme Leite, o projeto demonstrou resultados acima da expectativa inicial. Mesmo assim, ele diz que não há pressa para crescer. Mais importante do que isso é que os nossos clientes ganhem eficiência operacional e que possamos oferecer tecnologia e ajudá-los a terem disciplina financeira.
O CEO da Addiante comenta que percebeu nos clientes a vontade de diversificar a carteira de investimentos. Por isso, essas empresas passam a enxergar com bons olhos o aluguel de caminhões. Sobretudo por causa das taxas altas de juros para financiar veículos, que devem baixar, mas ainda estão elevadas. “Há também a escassez de crédito e o receio do endividamento”, disse. Ele revelou também que a Addiante tem clientes que atuam na construção civil, no saneamento, setor eletricitário e na última milha (last mile).
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a frota nacional é de 3,5 milhões, contudo apenas 1,5% desse montante é alugado. Para efeito comparativo, nos Estados Unidos – o país com maior mercado do mundo –, 25% do total da frota é alugado.
Por outro lado, os resultados de 2023 divulgados pela Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA) mostram que, no ano passado, as locadoras emplacaram 10.211 caminhões, o que representa 38,9% sobre a quantidade comprada em 2022. Com isso, o setor foi responsável por absorver 10,5% de todos os caminhões 0-km vendidos naquele ano.
No entanto, o total de caminhões em nome de locadoras chegou a 42.712 ao final de 2023, um avanço de 19,6% na comparação com 2022.
Fornecedor e concorrente
Além de fornecedora de caminhões para a Addiante, a Mercedes-Benz se tornou uma concorrente das locadoras. No início desse ano, anunciou sua entrada no mercado de aluguel. Conforme informações da empresa, inicialmente são oferecidos modelos das linhas Accelo, Atego e Actros. Porém, em breve, a ideia é ampliar a oferta.
O Banco Mercedes-Benz, responsável pela operação de aluguel da marca, informa que frota de caminhões disponível para aluguel é de 100 unidades. O objetivo, segundo a empresa, é ampliar aos poucos a oferta. Primeiro, com um número mais reduzido de caminhões para entender melhor o comportamento dos clientes. Depois, a meta é ampliar.
Confira reportagem com panorama completo sobre o mercado de locação de caminhões no Brasil na edição digital n° 520 da Transporte Moderno que, em breve, estará no ar.
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