Aline Feltrin
Juros em alta e dificuldade de acesso ao crédito para financiar caminhões atraíram as atenções dos compradores para o consórcio no início deste ano. Conforme a ABAC, associação que representa as administradoras de consórcio no País, em janeiro a contratação de novas cotas de veículos pesados cresceu 50% frente ao mesmo mês do ano passado. Conforme o presidente da associação, Paulo Rossi, foi um desempenho surpreendente e bastante animador. Em entrevista exclusiva ao site da Transporte Moderno, o executivo revelou que a perspectiva é que consórcio para caminhões tenha crescimento de até 15% neste ano. O percentual ficará bem acima, portanto, dos 2,5% de aumento obtido em 2023.
“O momento econômico é favorável para aquisição de cotas porque a principal característica do transporte é o planejamento financeiro. Assim, os compradores apostam, agora, em um cenário mais aquecido nos próximos meses”, pontua.
Consórcio permite planejamento
Conforme Rossi, enquanto a venda de caminhões via financiamento afastou os compradores por causa das altas taxas de juros, o consórcio ganhou destaque com a expectativa da retomada da economia. E por suas características próprias de aquisição. Ele se refere aos prazos longos, custo final mais baixo e a flexibilidade para a aquisição do bem. Seja como for, o Brasil tem 514 mil consorciados ativos em grupos de consórcio para caminhões.
Ainda segundo o executivo, cada vez mais os consorciados compram diversas cotas ao mesmo tempo com objetivo de ampliar ou renovar a frota.
De acordo com especialistas em finanças, o consórcio proporciona uma alternativa para um planejamento financeiro de longo prazo. Em contraste com os financiamentos, não há juros nesta modalidade. Porém, são pagas as taxas administrativas. Além disso, o consórcio oferece acesso ao crédito integral desde o início do processo.
Adicionalmente, os participantes têm a oportunidade de concorrer em sorteios mensais e podem também oferecer lances para aumentar suas chances de serem contemplados com o bem antes do término do plano.
Perfil do consorciado
No passado, o consumidor do consórcio era o grande frotista, mas, hoje, essa realidade mudou. Conforme a ABAC, em números, a venda para pessoas jurídicas representa de 52,8% do total, enquanto profissionais autônomos já são 47,2% dos compradores.
Mesmo assim, a opção de modalidade de pagamento criada no Brasil na década de 1960 ainda é pouco utilizada. Dados do Banco Central mostram que o consórcio representa 5% entre as opções escolhidas. O percentual é pequeno perto do Finame do BNDES e do CDC (Crédito Direto ao Consumidor) que, somados, representam 39% das vendas financiadas no País.
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