Por Sonia Moraes
Transporte Moderno – O que garantiu o bom resultado alcançado pelo caminhão FH em 2023?
Alcides Cavalcanti – Além da tecnologia do novo motor Euro 6 para controlar as emissões, o modelo FH teve um ganho importante de consumo de combustível de até 8% e em algumas aplicações foi ainda maior, chegando a 12% ou mais, e isso é um valor enorme para o cliente. Aliados às características conhecidas deste caminhão, que são robustez e disponibilidade, na versão 6 foi possível colocar mais itens de segurança, e isso contribuiu para o sucesso tanto do modelo FH 540 quanto do FH 560.
Transporte Moderno – O modelo VM ficou em segundo lugar na categoria de semipesados, foi um bom resultado?
Alcides Cavalcanti – Neste segmento, a Volvo acabou perdendo um pouco de participação de mercado porque teve muito modelo Euro 5 à venda, mas mesmo assim a marca se manteve em um patamar bastante estável. Caímos um pouco o market share, mas se comparar com os modelos Euro 6 o VM teve crescimento de participação de mercado.
Transporte Moderno – Qual foi a novidade da linha VM, que garantiu bom desempenho no ano passado?
Alcides Cavalcanti – A grande novidade da linha VM foi a mudança para o motor Volvo. Essa mudança por si só causou impacto no mercado que há muito tempo já tinha essa expectativa de ter o motor Volvo no VM. A receptividade foi muito boa. Esse motor Volvo tem um desempenho excelente, até acima das expectativas dos clientes e o consumo de combustível fez a grande diferença no VM, com economia até melhor que o FH, chegando a 10% e em alguns casos até mais. Tem ainda as características deste caminhão, principalmente robustez e disponibilidade mecânica. O veículo não quebra. A conectividade e segurança, que já são os diferenciais do modelo FH, também fizeram a grande diferença no VM.
Transporte Moderno – Qual a meta da Volvo para o modelo FH e VM?
Alcides Cavalcanti – É de manter neste ano o FH na liderança entre os pesados e o VM bem posicionado entre os semipesados. Se for possível ainda emplacar o FH 460 em segundo lugar.
Transporte Moderno – Qual a sua expectativa para 2024?
Alcides Cavalcanti – É muito boa. O ano começou com muitas certezas positivas. A economia não deve crescer muito, mas há indicadores apontando para um incremento do PIB entre 1,5% e 2%. A agricultura deve ter perda de 2% a 5%, por conta da seca que houve em algumas regiões e excesso de chuvas em outras, mas mesmo assim a safra deverá atingir 300 milhões de toneladas, o que seria a segunda maior de todos os tempos e vai precisar de muito caminhão para transportar esse produto, porque os trens não dão conta.
Transporte Moderno – O setor agrícola continuará sendo o grande impulsionador do mercado de caminhões?
Alcides Cavalcanti – Sim, mas há outros setores despontando com força e boas perspectivas para este ano, como sucroalcooleiro, florestal, mineração e construção. Com as taxas de juros caindo, o mercado imobiliário tende a acelerar, com isso mais obras, mais empreendimentos sendo erguido. De forma geral, a gente vê como positivos esses setores que são grandes e também puxam o mercado de caminhões.
Transporte Moderno – Os seus clientes estão mais animados?
Alcides Cavalcanti – Eu percebo que sim. Aqueles que não fizeram renovação de frota no ano passado por causa da taxa de juros ou porque não queriam apostar na tecnologia Euro 6 naquele momento, estão começando a fazer cotações. Os grandes frotistas já fecharam negócios importantes de volume com entregas para o longo do ano.
Transporte Moderno – Como a Volvo começou 2024?
Alcides Cavalcanti – A Volvo começou 2024 com boa carteira de pedidos e prazo de entrega de 90 dias, sendo que para alguns modelos específicos, como os fora-de-estrada, o prazo é maior, com capacidade de entrega a partir de abril. Neste início de ano, há muitos caminhões sendo liberados para o setor de cana e florestal, de negócios fechados no final do ano passado com prazo de entrega no primeiro trimestre deste ano. Se o cliente quiser um caminhão para este segmento, só será possível entregar a partir de abril ou maio deste ano.
Transporte Moderno – Como está o ritmo de produção na fábrica de Curitiba?
Alcides Cavalcanti – A Volvo já ajustou para cima a sua produção na fábrica de Curitiba e desde o ano passado trabalha em dois turnos. Mas no início deste ano decidimos acelerar a produção para suprir a alta demanda.
Transporte Moderno – Qual a sua avaliação sobre a transição energética?
Alcides Cavalcanti – O veículo elétrico faz sentido do ponto de vista ambiental, tem zero emissões e o Grupo Volvo está apostando nas novas tecnologias que pretende impulsionar no futuro. Mas é uma jornada que no Brasil está começando lentamente, sem incentivo por parte do governo, e até chegar ao cliente, ainda tem um tempo. Mas, muitas empresas, principalmente as multinacionais, têm nos procurado para falar de elétricos porque elas têm o compromisso de redução de CO², assim como o Grupo Volvo. A Volvo está preparada para esta mudança e no Brasil já tem veículos em testes com os clientes.
Transporte Moderno – O gás é uma boa alternativa?
Alcides Cavalcanti – Sim, o gás é uma alternativa. A Volvo tem a tecnologia do gás: o GNV (gás natural veicular) e o GNL (gás natural liquefeito), que oferece uma performance melhor para o caminhão. A Volvo aposta no GNL porque é um motor que trabalha com ciclo diesel, utilizando combustível que dá uma autonomia de até 900 km. Sem ter grandes mudanças no caminhão, a gente consegue com esse gás a mesma performance do diesel. Mas, tirando a parte técnica, tem o grande aspecto que é a infraestrutura. Se não houver a infraestrutura no país, em postos de combustíveis ou outros locais, fica difícil a operação e o caminhão ficar parado por não ter como abastecer.