Déficit do setor de autopeças atinge US$ 9,8 bilhões em 2023

As importações totalizaram US$ 18,8 bilhões no ano passado e, mesmo com redução de 4,2% em relação aos US$ 19,6 bilhões em 2022, representaram mais que o dobro das exportações, que somaram US$ 9 bilhões

Sonia Moraes

A indústria de autopeças encerrou 2023 com déficit de US$ 9,8 bilhões na balança comercial, resultado 13,5% inferior ao saldo negativo de US$ 11,3 bilhões registrado em 2022, segundo dados do ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) consolidados pelo Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

O saldo negativo deve-se à movimentação maior das importações, que totalizaram US$ 18,8 bilhões e, mesmo com redução de 4,2% em relação aos US$ 19,6 bilhões em 2022, representaram mais que o dobro das exportações, que totalizaram US$ 9,0 bilhões em 2023.

Sobre a redução nas importações em 2023, o Sindipeças explica que após dois anos de intenso crescimento (41,1% em 2021 e 8,6% em 2022), as aquisições de autopeças no exterior voltaram a recuar. “A despeito da valorização média de 6,6% da moeda brasileira (dez 23 x dez 22), o resultado das importações expressa o quadro de dificuldades do mercado automotivo no ano passado, com acentuada queda da produção de veículos pesados (-37,5%) e desempenho morno da produção de leves (+1,3%).”

Em dezembro de 2023, as importações somaram US$ 1,31 bilhão com redução de 5,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior (US$ 1,38 bilhão) e encolhimento de 10,5% em relação a novembro do mesmo ano (US$ 1,46 bilhão).

A expectativa do Sindipeças era de que o déficit do setor de autopeças chegaria a US$ 8,73 bilhões em 2023, representando um recuo de 22,1% em relação a 2022, com importações de US$ 16,5 bilhões e exportações de US$ 7,77 bilhões.

O sindicato esclarece que as exportações de US$ 9,0 bilhões da indústria de autopeças em 2023, que representou um incremento de 8,5% sobre o ano anterior (US$ 8,3 bilhões), foi o resultado mais expressivo desde 2013, quando atingiu US$ 9,8 bilhões.

“A diversificação e crescimento das vendas para outros mercados, como Turquia, Suécia, Uzbequistão e Noruega, ajudaram a performance do ano e para reduzir um pouco nossa dependência da Argentina, que mesmo assim representou 36,7% do total em 2023”, explica o sindicato.

Em dezembro as vendas de autopeças ao exterior somaram US$ 601,3 milhões, queda de 8,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior (US$ 659,8 milhões) e redução de 16,3% em relação a novembro de 2023 (US$ 718,5 milhões).

Exportações-

Do total de componentes exportados para 212 mercados, a Argentina ficou com 36,7% de participação em 2023, com US$ 3,30 bilhões de componentes adquiridos do Brasil, 12,1% a mais que em 2022, seguida pelos Estados Unidos, que teve 15,3% de participação, com US$ 1,37 bilhão, 0,9% superior ao mesmo período de 2022.

Na sequência está situado o México, que absorveu US$ 902,3 milhões, 18,5% a mais que no mesmo período do ano passado, ficando com 10% do total, e a Alemanha, que teve 6,8% de participação, com US$ 614,1 milhões, aumento de 6% sobre 2022.

Importações-

Nas importações provenientes de 193 países a China se destacou em 2023 com US$ 3,01 bilhões, 5,4% a menos que em 2022, e a participação foi 16% nas compras totais das empresas, seguida pelos Estados Unidos, com US$ 2,37 bilhões, 2,2% abaixo do mesmo período de 2022 e 12,6% de participação.

A Alemanha teve 9,6% de representatividade, com o total de US$ 1,80 bilhão, 7% inferior a 2022. O Japão, que aparece em quarto lugar no ranking, teve 8,6% de participação, com US$ 1,61 bilhão, 4,2% inferior ao mesmo período de 2022.

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