Márcia Pinna Raspanti
De acordo com os dados divilgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de caminhões e ônibus caiu 37,5% em 2023, em função dos custos mais elevados das novas tecnologias de controle de emissões, adotadas para atender a etapa P8 do Proconve (Euro 6), válida desde janeiro de 2023.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, lembrou que o mercado de caminhões passou por um momento difícil. “Com a mudança de tecnologia, que trouxe aumento de custos, e a alta taxa de juros, o mercado consumiu basicamente os veículos em estoque. O setor de pesados apresentou comportamento atípico”, destacou. Vinícius Pereira, diretor-adjunto da entidade, informou que apenas 53% dos caminhões emplacados em 2023 foram produzidos no mesmo ano. “A média histórica é de 74%”, disse.
Em dezembro, foram produzidos 8,3 mil caminhões, enquanto no acumulado do ano, a produção chegou a 100,5 mil veículos. No ano, houve queda de 37,9% na produção de caminhões em relação a 2022. No mês, foi registrada uma retração de 17,6% em comparação a novembro, e um recuo de 43,5% em comparação a dezembro de 2022.
Em emplacamentos, de janeiro a dezembro de 2023, foram vendidos 108 mil caminhões, o que representou uma queda de 14,7%. Em dezembro, foram 10,3 mil emplacamentos, o que correspondeu a um crescimento de 12,1% em relação a novembro, e a uma retração de 17,1%, na comparação com dezembro de 2022.
No acumulado do ano, foram exportados 16,9 mil caminhões, o que resultou em uma redução de 32,9% em comparação a 2022. No mês de dezembro, foram vendidos no mercado externo 1,1 mil veículos. Em relação a novembro de 2023, a queda foi de 30,2%; enquanto na comparação com dezembro de 2022, a retração foi de 40,2%.
Perspectivas –
Márcio de Lima Leite afirmou que o próximo ano deve ser de retomada para o setor de caminhões, mas disse ser difícil precisar de quanto será esta recuperação. “O setor vive um momento de expectativa com relação à redução da taxa de juros, que é fundamental para este mercado. E também é preciso ver como se dará a implementação do PAC e como será a situação do agronegócio, que enfrentou algumas dificuldades neste ano, trazendo reflexos tanto no mercado de caminhões quanto de máquinas e equipamentos. Com todas essas variáveis, não se sabe se voltaremos ao patamar anterior à pandemia”, comentou.
A Anfavea manteve as projeções em unidades apresentadas na coletiva de imprensa no início de dezembro. Para o segmento de veículos pesados (incluindo caminhões e ônibus), a entidade projetou para 2024 um crescimento de 13,6% nas vendas (146 mil emplacamentos) e 32,1% (160 mil veículos) na produção.
Outro tema bastante abordado durante a apresentação da Anfavea foi a publicação da MP 1.205 que instituiu o Programa Mover. “Trata-se uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem, e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neoindustrialização”, afirmou o presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.