Por Sonia Moraes
Transporte Moderno – Quais as expectativas da Rumo ao fechar o ano de 2023?
Pedro Palma – As expectativas se mantém positivas para novos recordes por conta de projeções de consultorias especializadas. Dados apontam que a safra de soja em 2022/2023 será recorde no país, atingindo cerca de 158 milhões de toneladas, das quais 99 milhões devem ser destinadas à exportação. Pelo lado da comercialização, mais de 140 milhões de toneladas já foram vendidas, e o farmer selling se encontrava ao final de setembro em 90%, três pontos percentuais acima do mesmo período do ano passado. Quanto à safra 23/24, as estimativas preliminares apontam para um aumento de 3% na área plantada, ficando entre 1 e 1,5 milhão de hectares a mais. Além da soja, temos também o milho, que entregará uma safra recorde de 137 milhões de toneladas na safra 22/23. São números que demandam por uma logística eficiente como a ferroviária.
Transporte Moderno – O que a Rumo planejou de investimentos para 2023?
Pedro Palma – O investimento planejado para 2023 é de R$ 3,6 bilhões e R$ 3,8 bilhões – superior aos R$ 2,7 bilhões investidos em 2022. Temos plena confiança em aumentar continuamente a nossa capacidade e expandir nossa atuação oferecendo uma logística mais eficiente ao produtor brasileiro. A produção de grãos no Brasil deve aumentar 40,7% nos próximos dez anos, chegando a 381,1 milhões de toneladas na safra 2031/2032 – conforme dados do ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Transporte Moderno – Como a Rumo avalia a posição do Brasil no mercado agrícola?
Pedro Palma – O Brasil possui claras vantagens competitivas na produção de commodities agrícolas e exerce papel de protagonismo nessa importante cadeia, contribuindo com a segurança alimentar global.
Transporte Moderno – Quanto a Rumo movimentou de cargas em 2023?
Pedro Palma – No primeiro semestre de 2023, a empresa movimentou mais de 33 milhões de toneladas em todas as suas operações nos mercados de exportação, importação e interno. No segundo trimestre deste ano (abril-junho), o principal destaque foram os grãos no Mato Grosso com destino ao porto de Santos, que cresceram 7% em comparação ao segundo trimestre de 2022. Das 17,2 milhões de toneladas exportadas, a Rumo movimentou 7,1 milhões, representando um share de 41,3% no estado mato-grossense.
Transporte Moderno – O que a Rumo destaca de relevante em 2023?
Pedro Palma – Sem dúvidas, o principal destaque de 2023 até aqui foi a conclusão de 100% das obras da Ferrovia Norte-Sul, nomeada como Malha Central nas nossas operações. O corredor logístico passa a ser uma alternativa adicional para o transporte de cargas de Goiás, leste do Mato Grosso e Tocantins, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico dessas regiões.
Transporte Moderno – Qual a participação da Rumo no setor ferroviário?
Pedro Palma – A Rumo é a maior operadora de ferrovias do país e oferece serviços logísticos de transporte ferroviário, elevação portuária e armazenagem. A companhia opera nove terminais de transbordo, está presente em quatro portos e administra cerca de 14 mil quilômetros de vias férreas nos estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. A base de ativos é formada por 1.400 locomotivas e 35 mil vagões.
Transporte Moderno – Quais são os planos da Rumo para continuar crescendo no setor ferroviário?
Pedro Palma – Para os próximos anos, a companhia concentrará esforços e investimentos na expansão da ferrovia no Mato Grosso, conectando o coração da produção agrícola do Estado ao principal corredor logístico com destino ao porto de Santos. Para viabilizar essa expansão, a Rumo também está investindo no aumento da capacidade da Malha Paulista e da ferrovia interna do porto de Santos, com projetos de modernização de via ferroviária, desenvolvimento de novas infraestruturas e implementação de sistemas de tecnologia.
Transporte Moderno – Como a empresa está se preparando para os novos desafios?
Pedro Palma – Entendemos que temos um modelo de negócio consolidado e robusto, preparado para enfrentar os desafios do setor. A Rumo está comprometida em oferecer ao mercado uma solução logística segura, eficiente e de baixo carbono para aumentar cada vez mais a competitividade do agronegócio brasileiro. Os investimentos realizados nos últimos anos e o plano de crescimento atualmente em execução visam aumentar a capacidade e segurança do modal ferroviário, promovendo maior eficiência no transporte de grãos, açúcar, fertilizantes, combustíveis líquidos, papel e celulose, contêineres, entre outras cargas.
Transporte Moderno – Qual a participação da malha norte nas operações da Rumo?
Pedro Palma – A malha norte em sinergia com a malha paulista forma o principal corredor ferroviário do agronegócio brasileiro, conectando o maior terminal de grãos da América Latina ao maior complexo portuário. O terminal da Rumo em Rondonópolis conta com 15 moegas rodoviárias e três tulhas ferroviárias que permitem carregar três trens simultaneamente. Estruturado com equipamentos de última geração, o complexo multimodal recebe em média 1.800 caminhões por dia. Do local, saem todos os dias trens de 120 vagões que carregam em média 11.500 toneladas úteis, equivalente à capacidade média de 261 caminhões. Nos picos da safra de soja embarcamos mais de 80 mil toneladas por dia.