Sonia Moraes
A Greenbrier Maxion, fabricante de vagões, está bastante otimista com o mercado ferroviário brasileiro para os próximos anos, principalmente com a ampliação da participação da ferrovia no modal dos transportes para 40% – como é o plano do governo federal. “Temos visto o grande interesse, não só de operadoras, mas também de usuários, em expandir sua logística para as ferrovias”, afirma Eduardo Scolari, presidente da Greenbrier Maxion.
Na avaliação de Scolari, uma demanda de quatro mil vagões por ano é o ideal para a indústria brasileira e sua cadeia de fornecedores manterem um nível de produção minimamente adequado. Ele recomenda que o governo acelere os projetos das renovações e das concessões, bem como das autorizadas. E afirma que o frete ferroviário precisa também ser competitivo, mantendo equilíbrio da matriz de transporte no Brasil. “As operadoras necessitam otimizar a sua frota para serem mais eficientes, pois teremos uma super safra e o campo deve injetar R$ 1,25 trilhão na economia brasileira em 2023”, diz o presidente da Greenbrier Maxion.
Segundo Scolari, hoje a indústria detém toda a tecnologia que as operadoras necessitam, inclusive com competitividade internacional. “Mas essas tecnologias, além de não serem substituídas pelas operadoras, esbarram nos gargalos logísticos que temos em terminais e portos. É necessário que todo o ciclo seja compatível.”
Scolari afirma que o aumento do transporte parece efetivo, porém as operadoras não possuem material rodante eficiente, seguro e sustentável que atenderá esse futuro. “É preciso priorizar o combate às carências sociais, e, simultaneamente, ampliar a infraestrutura, sempre precursora do desenvolvimento, com soluções combinadas para o contínuo crescimento do país.”
Na avaliação presidente da Greenbrier Maxion, as reformas estruturantes e politicamente complexas como a tributária é medida urgente e prioritária. “O governo precisa oferecer segurança jurídica para que os investimentos possam efetivamente serem realizados nestas novas ferrovias, e com isso possam gerar as demandas para a indústria ferroviária.”
2023 – Em 2023 a indústria ferroviária continua com grande ociosidade, pois os investimentos estão sendo destinados primeiramente para a infraestrutura, e somente nos próximos anos em material rodante. “Apesar das renovações antecipadas já terem ocorrido, com exceção da VLI, e em conjunto com os novos projetos já em andamento (FICO, Extensão de Lucas do Rio Verde, FIOL I) e os novos pedidos de autorizações ferroviárias, os resultados ainda não estão se refletindo na indústria e na cadeia de fornecedores”, afirma Scolari.
Mas a expectativa é de otimismo, segundo Scolari. “Os programas do governo federal de renovação das concessões, novos leilões e a até mesmo os pedidos das autorizadas (Programa Pró-trilhos) nos levam a acreditar que novos pedidos poderão surgir já em 2025”.
Scolari afirma que a indústria está preparada com o que há de mais inovador e moderno para atender as demandas que estão por vir e se manter ativa e competitiva. “A ociosidade, que já vem há alguns anos, é prejudicial não só para a Greenbrier Maxion, mas para toda a cadeia produtiva, por isso precisamos ter linearidade nos pedidos em carteira”.
Na Greenbrier Maxion a demanda está em torno de 1.200 vagões neste ano, mesmo patamar de 2022, e deve fechar 2023 com este volume. Scolari não informa quantos vagões estão sendo produzidos diariamente, mas destaca que a empresa tem capacidade produtiva nominal de dez mil vagões por ano e adequou sua capacidade de produção para 1.500 vagões devido a demanda atual do mercado.