Scania projeta crescimento de 14% para o mercado de caminhões em 2024

A empresa tem 60% da sua produção comercializada no primeiro trimestre e 40% no segundo trimestre do próximo ano. De caminhões a gás, já são 150 pedidos em carteira para o primeiro trimestre

A Scania Locação, divisão da fabricante sueca que atua no Brasil há aproximadamente dois anos, alcançou 250 contratos de aluguel de caminhões firmados no país

Sonia Moraes

A Scania trabalha com perspectiva positiva para o mercado de caminhões em 2024, com crescimento de 14%, a mesma projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O aquecimento esperado para o próximo ano abrange todos os segmentos em que a empresa atua. “A economia está aquecida e tem muita carga para transportar”, comentou Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania operações comerciais Brasil, durante encontro com jornalistas na fábrica de São Bernardo do Campo (SP).

Para a Scania, o próximo ano será ainda melhor. “Já temos 60% da produção de caminhões comercializada no primeiro trimestre de 2024 e 40% no segundo trimestre”, informou o diretor. “A maior parte das vendas é para a ampliação de frota”, disse Nucci.

De caminhões a gás a empresa tem 150 pedidos em carteira para o primeiro trimestre.

Nucci citou as boas perspectivas para o setor agrícola, que mesmo com a quebra de 8%

a 10% esperada para a safra de grãos, como o milho e a soja, ainda terá volume expressivo. O segmento de cana, florestal, minério e de construção também demandarão muito caminhão no próximo ano. “Não vemos nenhum motivo para a retração do mercado de caminhões em 2024”, ressaltou Nucci.

Com o bom desempenho esperado para o mercado de caminhões no próximo ano, a Scania prevê aumentar a sua participação neste segmento. Em 2022, a empresa fechou com 12% e em 2023 deve terminar com 14%. A retração de 6,9% registrada de janeiro a novembro de 2023, com 10.858 caminhões comercializados no país, ante os 11.658 veículos vendidos no mesmo período de 2022, segundo Nucci, é decorrente da expressiva retração que teve o mercado no início deste ano por causa da mudança da legislação de emissões, P7 (Euro 5) para P8 (Euro 6). “Não foi possível recuperar esta perda”, comentou o diretor.

Mesmo assim, Nucci considera o ano de 2023 muito bom para o mercado de caminhões. “Começou turbulento, com muitas incertezas – principalmente política –, falta de crédito com altas taxas de juros, a tecnologia Euro 6 assustou muito por causa do custo elevado do caminhão, mas foi uma transição mais simples, quando comparado com a mudança de Euro 3 para a Euro 5, porque era somente a tecnologia”, comentou.

“Depois das dificuldades enfrentadas nos primeiros quatro meses de 2023 por causa do excesso de modelos Euro 5 no estoque de todas as marcas, a partir de maio a situação começou a melhorar, o cenário político ficou para trás, a disponibilidade de crédito começou aumentar, a taxa de juros começou a sinalizar queda e a tecnologia Euro 6 passou a ser aceita pelos empresários e a partir de agosto o mercado começou a retomar, se mantendo bem aquecido nos últimos quatro meses”, relatou Nucci. “Isso é fruto da queda de juros efetiva, aumento de disponibilidade de crédito, mas especialmente porque todos os segmentos no Brasil – agro, frigorífico, madeira e mineração –, tiveram bom desempenho e quem não comprou caminhões Euro 6 comprou Euro 5, o que fez continuar movimentando o mercado.” No segmento de pesados 90% das vendas já são de modelos Euro 6 e no segmento de semipesados são 70%.

Com o destravamento do mercado, os clientes de grande porte começaram a fechar negócio e com as duas quedas consecutivas na Selic o varejo começou a retomar. “O varejo precisa continuar comprando porque é ele que movimenta os negócios no Brasil”, disse Nucci, destacado que 70% de caminhões que se comercializa no Brasil é para o varejo.

Diante deste cenário a Scania projeta para 2023 que o mercado de caminhões feche com queda entre 10% a 15%, a mesma estimativa feita pela Anfavea, devido à retração que o setor enfrentou nos primeiros quatro meses do ano. A produção terminará com retração de 20% em relação a 2022 por causa do grande estoque de modelos Euro 5 no início do ano, segundo Nucci.

O diretor da Scania ressaltou que não há nenhum cenário negativo na economia porque todos os transportadores estão com os caminhões em operação no país. “Quem está comprando hoje é mais para ampliação de frota do que renovação”, destacou Nucci.

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