Sonia Moraes
O mercado de caminhões chega ao fim de 2023 com desempenho muito abaixo do esperado pela indústria. Em novembro, a produção de 10.030 veículos ficou 4,3% abaixo de outubro deste ano (10.478 unidades) e 33,7% inferior a novembro de 2022 (15.121 unidades), segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No acumulado de janeiro a novembro, a retração chegou a 37,4%, com 92.273 caminhões produzidos, ante os 147.378 veículos fabricados no mesmo período de 2022. Se em dezembro se repetir o mesmo volume de dez mil veículos de novembro, o setor fechará ano com 102 mil veículos fabricados, com queda de 36,4% em relação aos 161.816 veículos feitos em 2022, segundo a Anfavea.
Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, lembrou que o mercado de caminhões foi marcado pela transição da fase P7 para P8 (Euro 6) do Proconve, tendo um impacto significativo no primeiro semestre, com uma produção menor porque estava se vendendo muito caminhões produzidos no ano anterior, os modelos P7 ou Euro 5. “O mercado começou a voltar à normalidade a partir do segundo semestre e a agora está mais aquecido.”
Do total de caminhões produzidos de janeiro a novembro deste ano, 50.583 são modelos pesados, 23.994 semipesados, 13.863 leves, 2.780 médios e 1.053 semileves.
Vendas
As vendas também apresentaram resultado negativo nos 11 meses do ano, com 9.229 veículos licenciados em novembro, resultado 2,3% abaixo de outubro deste ano (9.447 unidades) e 9,6% inferior a novembro de 2022 (10.209 unidades).
No acumulado de janeiro a novembro de 2023, as vendas de caminhões atingiram 97.679 unidades, registrando queda de 14,4% sobre o mesmo período de 2022, quando foram comercializados 114.167 veículos no país.
“A gente observa uma redução significativa no licenciamento de caminhões em 2023 e uma expectativa de redução de 15% para o ano”, disse Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea e diretor de relações institucionais da Iveco para a América Latina.
Segundo Freitas, essa queda ocorre em função da transição do P7 para o P8 da nova fase de emissões, que levou a uma antecipação de compras em 2022, e também ao aumento de preço no custo do produto. “Essa redução se explica também pela condição do mercado financeiro, pois tivemos um ano com taxa de juros elevada, inadimplência alta e muita dificuldade de aprovação de crédito”, destacou.
Do total de caminhões vendidos até novembro, 47.733 são modelos pesados, 26.227 semipesados, 8.268 leves, 7.828 semileves e 7.623 médios.
Ranking –
No ranking do setor, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 24.623 caminhões vendidos de janeiro a novembro, número 22,4% abaixo do mesmo período do ano passado (31.747 unidades). O segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 20.693 veículos comercializados no país, volume 24,5% menor que nos 11 meses de 2022 (27.419 unidades).
A Volvo ficou em terceiro lugar com 17.619 veículos vendidos até novembro, 18,9% inferior ao mesmo período de 2022 (21.721unidades), e a Scania em quarto com 10.858 veículos, 6,9% inferior a janeiro e novembro de 2022 (11.658 unidades).
A Iveco, quinta colocada, vendeu 8.696 veículos, 10,5% abaixo dos nove meses de 2022 (9.717 unidades). A DAF, que está em sexto lugar, comercializou 7.480 caminhões, 25,8% acima do que vendeu no mesmo período do ano passado (5.948 unidades).
Exportações –
As exportações também ficaram abaixo das expectativas da indústria nos 11 meses de 2023. Em novembro, foram comercializados no mercado internacional 1.555 caminhões, quantidade 15,4% menor que a registrada em outubro (1.839 unidades) e 36,9% inferior a novembro de 2022 (2.466 unidades).
De janeiro a novembro, foram exportados 15.861 caminhões, com retração de 32,3% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram vendidos 23.443 veículos no exterior. Foram embarcados 8.036 veículos pesados, 4.308 semipesados, 2.033 leves, 799 semileves e 685 médios.
Previsão 2024 –
Para o segmento de veículos pesados (incluindo caminhões e ônibus), a Anfavea projeta para 2024 um crescimento de 14,1% nas vendas, passando de 128 mil unidades esperadas para 2023 para 146 mil unidades no próximo ano. “É um crescimento tímido para o segmento de veículos pesados porque estava com uma base muito baixa por causa da mudança do P7 para P8”, disse o presidente da Anfavea.
A produção deverá apresentar um crescimento de 30,1% e atingir 160 mil unidades no próximo ano, ante os 123 mil veículos que deverão ser fabricados em 2023. “Esse crescimento é porque ficamos praticamente sem produzir no segundo trimestre devido ao estoque que havia de modelos Euro 5. Houve uma parada na produção e agora está voltando ao ritmo normal”, comentou Leite.
O presidente da Anfavea destacou que o crescimento maior é esperado para o mercado de ônibus por causa do impacto positivo do programa Caminho da Escola. Já as exportações deverão se manter no mesmo patamar esperado para 2023, de 22 mil unidades, segundo a Anfavea.