Segundo o estudo do centro de Inteligência da Overhaul, “Brasil: Relatório Trimestral de Roubo de Carga”, no segundo trimestre de 2023, as cargas mistas, isto é, cargas de diferentes tipos sendo transportadas conjuntamente, foram as mais visadas com 44% dos eventos. Em seguida, alimentos e bebidas (18%), cigarros (11%), eletrônicos (7%) e agro (6%).
Ainda de acordo com o relatório, os roubos de cargas de alimentos e bebidas se concentraram no Sudeste, representando 91% das ocorrências. Destas, 75% aconteceram no Rio de Janeiro – as cidades de Duque de Caxias, São João do Mereti e na cidade do Rio de Janeiro foram responsáveis por 67%. As cargas mistas compostas por diversos tipos de alimentos e bebidas foram as mais roubadas. Analisando produtos de forma individual, as cargas de carnes foram as mais visadas (10%). Em relação às ocorrências gerais (todos os tipos de produtos), o Sudeste ainda é responsável pela maioria, com 76%.
Segundo a avaliação da Overhaul, existe uma explicação socioeconômica, abordada pela pesquisa PNAD 2012-2022 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): dentre os 10% mais pobres, 64% não estão ocupados de forma integral, ou seja, trabalham informalmente, apesar de buscarem a inserção no mercado de trabalho. “Diante disso, surge a necessidade de alternativas mais acessíveis e mudanças de hábitos, resultando no aumento do mercado informal que fornece a essa parcela da população itens básicos de sobrevivência. Assim, as quadrilhas e o crime organizado encontram oportunidades de abastecer este mercado informal com as cargas roubadas, vendendo-as a preços sem impostos, mas com alto lucro”, analisa.
Soluções–
Segundo o centro de Inteligência da Overhaul, “os embarques no Brasil correm grave risco de roubo de carga”, e recomenda a inclusão de profissionais especializados em gestão de riscos da cadeia de suprimentos, responsáveis por planejar essas viagens – com essa participação, as empresas responsáveis pelos fretes rodoviários podem fazer a diferença no combate ao crime de carga.
“A elaboração de formas antecipadas de planejamento e organização das operações de transportes, além do aprimoramento do uso de tecnologias para análises estatísticas que possibilitem aplicar predições e, assim, aumentar a eficiência das práticas preventivas, são essenciais para mudar esta realidade no Brasil.”
O estudo destaca ainda soluções como a escolha de rotas com pontos de paradas seguros, com configurações particularizadas da tecnologia de rastreamento para os embarques, bem como o emprego de múltiplas camadas de proteção que precisam ser estrategicamente identificadas e empregadas para cada operação.