Sonia Moraes
O mercado de caminhões apresentou melhora na produção em agosto, com 9.623 unidades, aumento de 42,6% em relação a julho deste ano. Mas somando os oito meses deste ano a retração chegou a 37,5%, com 63.545 veículos produzidos, ante os 101.719 veículos fabricados de janeiro a agosto de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, comentou que o setor de caminhões vem passando por momento difícil desde que entrou em vigor a norma Euro 6. “O percentual de aumento na produção em agosto não é motivo de celebração porque a base ainda está muito baixa. O mercado estava consumindo caminhões que foram fabricados no ano anterior e, com o alto estoque de Euro 5, não tinha produção de modelos Euro 6”, explicou Leite.
Do total de caminhões produzidos de janeiro a agosto deste ano, 34.304 são modelos pesados, 17.039 semipesados, 9.140 leves, 2.152 médios e 910 semileves.
Vendas –
As vendas de caminhões em agosto aumentaram 11,3% chegando a 9.314 unidades, ante os 8.370 veículos vendidos em julho. No acumulado de janeiro a agosto, a venda de 70.231 veículos ficou 14% abaixo das 81.660 unidades comercializadas no mesmo período de 2022.
Segundo o presidente da Anfavea, grande parte das vendas em agosto foi pelo programa de incentivo do governo federal. “Este programa ainda não chegou à sua potencialidade, tendo 400 caminhões negociados por meio desse incentivo. Ainda temos R$ 700 milhões para as linhas de caminhões e ônibus para serem consumidos até o fim de setembro porque a Medida Provisória 1175 expira dia 03 de outubro, caso não seja aprovada no Congresso”, destacou Leite.
Marcus Vinicius Aguiar, vice-presidente da Anfavea, comentou que o mercado de veículos pesados continua com dificuldade com a nova tecnologia do Proconve P8, por isso acumula queda de 37,5% na produção de caminhões e de 32,6% na de ônibus. “De janeiro a agosto, do total de caminhões vendidos no país, 35% foram fabricados em 2023 e esse percentual era para estar em 66%, como é a média dos últimos cinco anos”, disse Aguiar.
Do total de caminhões vendidos de janeiro a agosto deste ano, somente os modelos semileves tiveram aumento, que chegou a 34,2%, com 6.002 veículos emplacados, ante as 4.471 unidades comercializadas no mesmo período de 2022. Mas a produção deste modelo foi de 910 unidades, o que destaca o grande estoque de modelos Euro 5. Os modelos pesados tiveram 33.753 unidades vendidas, os semipesados 18.838, os leves 6.017 e os médios 5.621 unidades.
Ranking –
No ranking do setor, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 17.834 caminhões vendidos de janeiro a agosto deste ano, número 24,5% abaixo do mesmo período do ano passado (23.619). O segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 15.242 veículos comercializados no país, retração de 22,1% em relação aos oito meses de 2022 (19.558 unidades).
A Volvo ficou em terceiro lugar com 12.485 veículos vendidos até agosto, um resultado 20,9% inferior ao mesmo período de 2022 (15.786 unidades), e a Scania em quarto, com 6.967 veículos, 2,7% a menos que em janeiro e agosto de 2022 (7.164 unidades).
A Iveco, quinta colocada, vendeu 6.666 veículos, 8,3% abaixo dos oito meses de 2022 (7.267 unidades) e a DAF, que está em sexto lugar, comercializou 5.123 caminhões, 18,9% acima do que vendeu no mesmo período do ano passado (4.310 unidades).
Exportação –
As exportações de caminhões continuam impactadas pela baixa dos mercados da América Latina – Chile e Colômbia caíram 30% –, além do imposto 7,5% de importação cobrado pela Argentina e da invasão dos modelos chineses. Em agosto, os embarques de caminhões aumentaram 6,1% em relação a julho deste ano e atingiram 1.434 unidades. Entretanto, houve retração de 29,3% nos oito meses deste ano, totalizando 10.948 unidades, ante os 15.490 veículos exportados no mesmo período de 2022.
Do total de caminhões exportados até agosto, somente os médios tiveram crescimento de 11,1%, com 592 unidades na comparação com o mesmo período do ano anterior. De pesados, foram exportados 5.339 veículos, de semipesados 3.060, leves 1.281 e semileves 676 unidades.
Elétricos –
O presidente da Anfavea destacou o aumento do emplacamento de veículos elétricos no mercado brasileiro. No segmento de pesados (caminhões e ônibus), incluindo modelos elétricos e a gás, foram emplacados 28 veículos em agosto, 47,4% a mais que em julho (19 unidades).
No acumulado de janeiro a agosto deste ano, a venda de veículos elétricos e a gás totalizou 316 unidades, ficando muito próximo de todo o ano de 2021, quando foram emplacados 408 veículos. Em 2022, foram vendidos 1.105 veículos no mercado brasileiro.