Sonia Moraes
A Volkswagen Caminhões e Ônibus, a Vamos e a Gerdau anunciaram uma parceria para viabilizar a reciclagem de caminhões antigos por meio do programa de renovação de frota idealizado pelo governo federal. O projeto criado pelas empresas, que garantirá o ciclo completo de renovação de frota, foi apresentado ontem ao vice-presidente da República e ministro do desenvolvimento, indústria, comércio e serviços, Geraldo Alckmin, em evento realizado na fábrica da Gerdau em Araçariguama, no interior de São Paulo.
Com o benefício deste programa, a Vamos, empresa do Grupo Simpar, investiu R$ 4 milhões na compra de 140 caminhões com idade entre 28 e 53 anos de fabricação. Segundo a empresa, os veículos foram adquiridos em locais onde há grande concentração desses modelos, como nos portos de Santos (SP) e do Rio de Janeiro. O caminhão mais antigo, com 53 anos, estava em atividade no porto de Santos no transporte de mercadorias entre armazéns.
Após a desmobilização, os veículos serão encaminhados pela Vamos para a Gerdau, que será responsável por transformá-los em matéria-prima para a produção do aço 100% reciclável e com baixa pegada de carbono, encerrando o ciclo de vida do caminhão.
Fernando Simões, CEO da Simpar, explicou que o caminhoneiro que vendeu o veículo antigo sairá de um caminhão de 30 anos para um modelo de 12 anos, o que garantirá melhor qualidade de vida e maior produtividade, além da redução da poluição. “Se esse programa se perpetuar, a Vamos, a Gerdau e a Volkswagen estarão prontas para instalar uma linha de produção de desmonte de caminhão”, destacou Simões.
Como parte desse processo de renovação de frota, a Vamos adquiriu 140 caminhões novos da Volkswagen, cavalos mecânicos modelos Constellation e Meteor. “Estamos entregando para a Simpar e a Vamos veículos que vão muito além do que requer a legislação, oferecendo melhor eficiência, conforto, tecnologia e economia de combustível”, disse Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Cortes ressaltou que juntos a empresas formarão um gigantesco círculo virtuoso, por meio do descarte de caminhões velhos que serão substituídos por outros usados ou seminovos até chegar nos modelos novos. “Estamos entusiasmados com os primeiros resultados dessa iniciativa e, como uma das empresas líderes de desenvolvimento, produção e vendas de caminhões, posso assegurar que a indústria brasileira retribuirá com mais investimentos, empregos e outros reflexos positivos para a economia”, disse Cortes.
Pelo fato de o impacto desse programa ser amplo e positivo para o Brasil, ajudando a combater grandes gargalos logísticos decorrentes da idade avançada das frotas, Cortes acha necessário que a iniciativa de torne perene.
Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e serviços da Volkswagen Caminhões e Ônibus, está confiante que o programa será um sucesso. “Esperamos que se torne um sucesso rápido e se comprove o ganho na redução de poluentes, na renovação de frota, na melhoria da qualidade dos autônomos, na redução do custo de manutenção dos veículos e na segurança”, disse.
“Tornando esse programa permanente, não tenho dúvida que a indústria receberá por ano um volume incremental muito elevado à medida em que o programa for maturando”, comentou Alouche. “Estamos divulgando a venda de 140 caminhões, mas temos outras negociações em andamento e teremos boas notícias em breve.”
Ambiente favorável-
Rubens Pereira, vice-presidente da Gerdau, comentou que essa parceria é exemplo da confiança no ambiente favorável de negócios que há no Brasil e contribui para o fortalecimento do setor industrial brasileiro como um todo. “A Gerdau recicla anualmente 11 milhões de toneladas de sucata metálica, o equivalente ao volume de carros produzidos em um período de cinco anos. O aço é um material infinitamente reciclável e, para cada tonelada de sucata reciclada, é evitada a emissão de 1,5 toneladas de CO2. Como resultado de sua matriz produtiva sustentável, a Gerdau possui atualmente uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO2), de 0,89 toneladas de CO2 por tonelada de aço, o que representa aproximadamente a metade da média global do setor, de 1,91 tonelada de CO2 por tonelada de aço”, disse Pereira.
Geraldo Alckmin afirmou durante o evento na Gerdau que vai pedir a prorrogação do programa de renovação de frotas de caminhões, que estará em vigor até o dia 30 de setembro, e anunciou a liberação de R$ 1 bilhão pela linha de crédito Finame BNDES para financiar os veículos aquiridos por meio dele. “O contrato de financiamento estará atrelado à Selic. Se os juros da Selic cair as parcelas do financiamento reduzem também”, destacou Alckmin.