Sonia Moraes
O mercado de caminhões ainda sente o impacto da baixa demanda e registra em julho queda de 4% na produção em relação a junho deste ano, passando de 7.029 para 6.749 unidades, e de 47% em comparação com julho de 2022, quando foram fabricados 12.724 veículos, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No acumulado de janeiro a julho, deste ano a produção recuou 36,2%, com 53.922 veículos, ante as 84.496 unidades fabricadas no mesmo período do ano passado. Do total de caminhões produzidos até julho, 28.362 são modelos pesados, 14.874 semipesados, 8.056 leves, 1.850 médios e 780 são semileves.
“O mercado de caminhões continua em ritmo lento com a demanda muito aquém do desejado e do esperado pelo setor”, destacou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, comentou o mercado de caminhões ainda enfrenta o impacto do Proconve P8. “A produção está baixa por causa da adequação que as fábricas estão fazendo devido à redução na demanda.”
Vendas –
Em julho, as vendas apresentaram crescimento de 6,2%, com 8.370 veículos emplacados, ante as 7.884 unidades vendidas em junho deste ano, mas registrou queda de 27,6% em relação a julho de 2022, quando foram vendidos 11.554 veículos no país. E no acumulado de janeiro a julho, a retração chegou a 11,9%, com 60.917 veículos emplacados, ante as 69.159 unidades vendidas nos sete meses de 2022.
Bonini destacou que as vendas mensais vêm se mantendo em um volume estável, entre 8.500 e 7.500 unidades, mas num patamar muito baixo quando comparado com anos anteriores. “Em julho, 29% dos caminhões comercializados foram produzidos neste ano e este índice deveria estar em 50%, quando comparado com a média dos últimos cinco anos. Essa diferença é o efeito do Proconve P8.”
Exportação –
Nas exportações, as montadoras fecharam julho com 1.352 caminhões vendidos para o exterior, 2,7% abaixo dos 1.389 veículos embarcados em junho e queda de 33% sobre julho de 2022, quando foram exportados 2.017 veículos, segundo a Anfavea.
No acumulado de janeiro a julho, as vendas para o mercado internacional tiveram retração de 27,7% em relação ao mesmo período de 2022, totalizando 9.514 veículos – 4.467 pesados, 2.663 semipesados, 1.206 leves, 673 semileves e 505 médios –, ante os 13.155 veículos exportados no mesmo período de 2022.
O presidente da Anfavea destacou vários fatores que justificam a queda nas exportações de veículos. Para a Argentina, as exportações caíram 2,6% de janeiro a julho de 2023, mesmo com o crescimento de 12% do mercado interno. “Isso ocorreu porque recentemente o governo da Argentina criou um imposto de 7,5% para as importações do Brasil, que tem impactado o fluxo das exportações, e é flagrantemente contra o acordo bilateral entre os dois países, uma vez que é um imposto de importação travestido com outra denominação. É um custo a mais para o exportador brasileiro colocar o seu produto na Argentina”, disse Leite.
Segundo Leite, o imposto criado inicialmente pelo governo argentino era somente para carro de luxo, de até US$ 25 mil, e foi ampliado para todas as exportações para o mercado daquele país. “Isso tem um impacto considerável na competitividade dos produtos brasileiros no mercado argentino e tem sido objeto de conversas com o governo brasileiro. Temos que garantir que o acordo seja cumprido e que haja competividade dos produtos, e que o acordo funcione de estímulo para ambos os países, e não para o aumento de custos e de falta de competividade dos produtos brasileiros na Argentina.”
No Chile, a queda de 61% das exportações brasileiras, segundo o presidente da Anfavea, deve-se à perda de competividade dos produtos brasileiros naquele mercado com o crescimento significativo de produtos asiáticos. Para a Colômbia, as exportações do Brasil caíram 42% por consequência do mercado que teve retração de 60%.
Para o México, as exportações brasileiras cresceram 89% de janeiro a julho de 2023. “Esse aumento fez com que as exportações totais de veículos caíssem apenas 10%, se não fosse o México a queda seria maior e o volume muito superior”, destacou Leite.
Ranking –
No ranking do setor, a Volkswagen Caminhões e Ônibus manteve a liderança, com 15.569 caminhões vendidos de janeiro a julho de 2023, um resultado 22,6% inferior ao mesmo período de 2022 (20.121). O segundo lugar ficou com a Mercedes-Benz, que teve 13.482 veículos vendidos no país, volume 19,6% abaixo dos sete meses de 2022 (16.775 unidades).
A Volvo ficou em terceiro lugar com 10.619 caminhões vendidos até julho, o que significa 20,7% abaixo do mesmo período de 2022 (13.398 unidades), e a Scania em quarto com 6.009 veículos, 6,8% a mais que em janeiro e julho de 2022 (5.628 unidades).
A Iveco, quinta colocada, vendeu 5.784 veículos, 7,2% inferior aos sete meses de 2022 (6.235 unidades). A DAF, que está em sexto lugar, comercializou 4.308 caminhões, 17,4% a mais do que vendeu no mesmo período do ano passado (3.669 unidades).