Márcia Pinna Raspanti
O mais recente relatório da project44, plataforma global de visibilidade de cargas, referente aos meses de março e abril, mostra que a capacidade total de TEU dos portos brasileiros aumentou para 300 mil TEU em todo o país, impulsionada tanto por navios chegando quanto deixando os portos nacionais. Outro ponto importante é relativo ao tempo de permanência de carga (dwell time) de carga.
No porto de Vitória, o dwell time de contêineres de importação apresentou aumento de 17% em relação a março. O tempo médio, atualmente, é de 6,9 dias por contêiner. O tempo de permanência de contêineres de exportação em Salvador aumentou 21% entre março e abril, e está em 5,2 dias. Paranaguá registrou o maior tempo de permanência tanto na importação quanto na exportação. O tempo de importação foi de sete dias, enquanto o tempo de exportação ficou em 6,1 dias.
“Parte do aumento pode ser reflexo do aumento do volume de TEU que o Brasil observou no mês de abril. Sabe-se que Vitória tem alguns problemas de acessibilidade e limitações de infraestrutura, o que dificulta o processamento à medida que o porto fica mais movimentado. Existem obras em andamento para melhorar esse atracadouro. Paranaguá tem problemas semelhantes de infraestrutura, embora não saibamos, por ora, de obras ou planos para aprimorar esse porto”, comenta Pierre Jacquin, vice-presidente da project44 para a América Latina.
O tempo de entrega (lead time) de importações para os Estados Unidos ficou quatro dias abaixo do de março. “Alguns fatores favoreceram esse ponto. O tempo de permanência de contêineres de importação no Brasil vem caindo, ajudando a melhorar essa métrica. Certos portos dos EUA também registraram queda no dwell time de exportação em abril. O clima e a pontualidade dos navios também podem ter ajudado. Com menos atrasos, o desempenho nas operações melhora. Já nas exportações, em geral, eu diria que o maior destaque nesse quesito foi a melhora geral em Paranaguá e Rio Grande”, detalha Jacquin.
Para Jacquin é difícil avaliar quais os portos mais eficientes com base no dwell time. “Embora o tempo de permanência possa ser um indicador de ineficiência do porto, existem fatores como volume e clima capazes de desempenhar um papel importante”, afirma.
O desempenho no segmento de cargas de caminhão completas ou dedicadas continua bom, segundo o relatório, com mais de 70% de todas as cargas sendo entregues dentro do prazo. Isso representa uma melhoria de mais de 20% em relação a dezembro de 2022, quando apenas 51% das cargas foram consideradas no prazo. Há uma queda de 2% em relação a março de 2023, mas em geral o mercado melhorou muito nos últimos 12 meses.
“O índice de desempenho atual, de pouco mais de 70%, é quase igual ao dos Estados Unidos e o do México, portanto podemos considerá-lo satisfatório. A distância só é maior em relação aos índices da Europa. A Alemanha, por exemplo, vem tendo desempenhos acima de 80% nos últimos meses, apresentando na primeira quinzena de maio uma performance de 87,1%”, observa Jacquin.