Fred Carvalho
A OTM Editora realizou, dentro da Arena de Conteúdo da Automec, um painel ESG – Rota do Futuro – sobre a descarbonização para atender os objetivos da ONU de redução das emissões de carbono em 50% até 2050, com a participação de Mauricio Muramoto, do Sindipeças; Besaliel Botelho, consultor da Brigth; Henry Joseph Junior, da Anfavea, e Francisco Christovam, da NTU.
“O Brasil é um dos líderes mundiais em descarbonização, seja por uma matriz energética predominantemente limpa ou pela existência do maior programa de combustível renovável com o etanol em todos os postos do Brasil,” comentou Botelho, ex-presidente da Bosch e consultor da Brigth.
“Além disso, temos a maioria de nossa frota de veículos equipados com motores flex, mas ainda temos uma predominância da gasolina nos abastecimentos. Se houver uma motivação interessante, como preço mais atraente ou o consumidor recebendo os créditos de carbono, resolveríamos numa virada de chave todas nossas metas de redução de emissões”, complementa Botelho.
Nos últimos anos, a indústria automobilística vem estabelecendo programas de melhorias na tecnologia de segurança dos veículos bem como de redução das emissões. Tanto o Inovar Auto quanto o Rota 2030 determinaram metas factíveis para implementação e ainda existem várias mudanças previstas para os próximos anos.
“Gradativamente, introduzimos novas alterações que redundaram na redução das emissões, como start stop, injeção direta, motores de três cilindros turbo, etc. Para os próximos anos, teremos veículos eletrificados, como são os híbridos, além dos elétricos”, salienta Henry Joseph Junior.
“O que precisamos ponderar, no entanto, é que o automóvel movido a etanol é menos poluente que um elétrico rodando nas estradas europeias. Afinal, a plantação de cana capta carbono e compensa as emissões do veículo com combustível renovável. Mas o elétrico chegará mais à frente, provavelmente com tecnologias cada vez mais sofisticadas e até mesmo com o fuel cell, o ponto máximo da engenharia de propulsão limpa”, adiciona Joseph Junior.
“O Brasil precisa buscar mobilidade sustentável de baixo carbono,” explica Mauricio Muramoto, do Sindipeças. O consumo de energia ainda é muito dependente dos combustíveis fósseis, com o segmento de transportes sendo responsável por 31% (diesel com 44,4%, gasolina com 25,4%, etanol com 19,3% e biodiesel com 5% são os maiores destaques) e nos próximos anos caminharemos para adoção cada vez maior do etanol, biodiesel, biometano, hidrogênio verde, energia elétrica, célula a combustível etc. A adoção do ciclo do poço à roda permitirá uma mensuração mais adequada e real das emissões,” comenta Muramoto.
A grande dificuldade do setor de transporte urbano, no entender de Francisco Christovam, presidente da NTU, está na ausência de políticas do setor público. Nos diferentes tempos históricos temos excessos de normas e controles ou a inexistência de diretrizes que incentivem, disciplinem, ordenem o sistema de transporte de passageiros dentro das cidades.
De acordo com Christovam, a busca pelos novos sistemas, como os ônibus elétricos, é feita de maneira amadora, sem que a autoridade concedente entenda que o custo de aquisição deste tipo de veículos é três vezes superior a um convencional. “Mais ainda: precisa de estações de carregamento que também são caras para serem instaladas. São necessários fortes estudos econômicos para verificar os reais impactos nos custos das passagens”, conclui o executivo da NTU.
“A adoção das novas tecnologias será feita pela necessidade de atender às metas de descarbonização da ONU. Todos os saltos tecnológicos possíveis serão adotados,” finaliza Joseph Junior.